ALÉM DE NÃO rejeitar peremptoriamente qualquer dessas duas correntes,o TROPICALISMO, especialmente seus líderes, CAETANO VELOSO e GILBERTO GIL, além de GAL COSTA, BETHÂNIA, MACALÉ, TOM ZÉ, TORQUATO NETO, OS MUTANTES, CAPINAM e o maestro ROGÉRIO DUPRAT, reconheciam uma certa estagnação e tradicionalismo que limitavam avanços na música brasileira e seus criadores.Naquele período , novidades tecnológicas e as influências da música internacional eram tão rejeitadas quanto os sons da “velha guarda” nacional. Inacreditável. Tanto se odiava a “guitarra elétrica quanto se esnobava Noel Rosa. A proposta tropicalista incluia tudo isto e muito mais. E se o vanguardismo harmônico e poético da Tropicália chocou os “puristas”,o mesmo se deu com o visual adotado.Enquanto os “mpbistas” se apresentavam trajando “smoking” ou paletó (até “esporte fino”), e a turma do “iê-iê-iê” ia na linha das roupas Calhambeque, o TROPICALISMO preferia um visual hippie. Roupas largas e coloridas, longas madeixas (black power valia), barbas e presença de palco um tanto histriônica.
Em recente depoimento, GILBERTO GIL declarou: “Minha primeira influência foi LUIZ GONZAGA, depois vieram DORIVAL CAYMMI e JOÃO GILBERTO. Então conheci CAETANO e nossas idéias convergiram porque, também adorávamos os BEATLES e os STONES. A idéia era fugirmos das convenções e adotarmos todas essas referências. A música brasileira já nasceu híbrida. PIXINGUINHA adotava todos os elementos do blues e do jazz. Em princípio, chamamos muita gente. Edu Lobo, Sidney Miller, Sérgio Ricardo, Dori Caymmi, Toquinho e outros mas, o pessoal ficou no muro. Então CAETANO falou: Vamos fazer! Só nós dois. E fizemos contra tudo e todos. E vieram logo “nossa turma” e até Nara Leão, Jorge Ben e mais gente. Juntaram-se artistas plásticos, poetas, cineastas e em seguida o Chico Buarque e a Elis passaram a nos apoiar”.
O exílio de Caetano e Gil, obra da brutalidade e da burrice da Redentora, teve efeito contrário.A MPB, no geral, já era tropicalista. A ausência forçada dos dois próceres, mais ainda mitificou o movimento. Os espaços estavam abertos para artistas já estabelecidos, como Chico, Edu, Milton e outros recém chegados que vislumbraram vários horizontes adiante. O resgate de artistas como LUIZ GONZAGA, NOEL, CAYMMI, PIXINGUINHA e até VICENTE CELESTINO já havia acontecido. Bandolins conviviam bem com as guitarras, o baixo elétrico com o piano, a flauta com os teclados eletrônicos etc,etc. O TROPICALISMO nunca foi. Continua sendo. Mesmo nos dias atuais, seja no Brasil, na Europa ou nas Américas, ainda são defendidas teses acadêmicas e uma vasta literatura sobre o assunto está ai, à disposição. Surpreendente ? Nem para mim, que aos 11 anos, questionava: Tropicália ?
PEQUENO GUIA MUSICAL
CAETANO: Alegria Alegria, Tropicália,Soy Loco Por Ti America,Trio Elétrico,Irene e Os Argonautas.
GIL: Domingo no Parque,Lunik 9,Louvação,Back In Bahia , Expresso 2222 e Procissão.
GAL: Divino e Maravilhoso, Sebastiana,Que Pena, London London e Tuareg.
MUTANTES: 2001,Dom Quixote,Algo Mais,Baby, Top Top,Caminhante Noturno e Ando Meio Desligado.
E mais BETHÂNIA,TOM ZÉ,ANTÔNIO ADOLFO/TIBÉRIO GASPAR, JARDS MACALÉ,JORGE MAUTNER e vai por ai!