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Quer vender aquela sua mesa de Pebolim?

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Jogo de fumaça e espelhos

A jogada de 489 bilhões de euros de Draghi

O novo veículo de empréstimos do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi — a Operação de Refinanciamento de Longo Prazo (ORLP) — ajudou a tirar o sistema financeiro do precipício de uma nova catástrofe tipo Lehman [Lehman Brothers, banco de investimento dos Estados Unidos cuja falência detonou a crise financeira de 2008], mas não trata dos problemas fundamentais criados pela crise (desequilíbrios contábeis, fluxos de capital).

O que a ORLP faz é permitir a bancos europeus que troquem garantias mambembes por empréstimos sem limites com prazo de 3 anos a uma taxa de juros de 1%. O dinheiro emprestado — quase metade de um trilhão de euros — perpetua a ilusão de que os bancos são solventes, especialmente porque a vasta quantia de bens desvalorizados que estavam na contabilidade dos bancos foi transferida para a contabilidade do Banco Central Europeu (O Banco Central dos Estados Unidos conduziu uma operação similar [Quantitative Easing 1, QE1] quando comprou 1,25 trilhão de dólares em papéis assegurados por empréstimos imobiliários dos bancos norte-americanos em 2009).

Assim, agora, o sistema bancário da União Europeia está navegando em liquidez e a taxa que os bancos pagam para emprestar uns aos outros caiu dramaticamente. Portanto, tudo está cor-de-rosa, certo?

Errado. Embora as taxas de empréstimos interbancários tenham atingido seu ponto mais baixo dos últimos dez meses (na segunda-feira passada), os bancos continuam estacionando o dinheiro que tomaram emprestado no Banco Central Europeu. Na última sexta-feira, os depósitos no BCE atingiram um recorde de 528 bilhões de euros, o que é 39 bilhões de euros mais que o que os bancos emprestaram usando a ORLP. Que doideira é essa?

Isso significa que o dinheiro emprestado pelos bancos não está sendo repassado a consumidores e empresários, como Draghi previa, mas está sendo usado pelos bancos para rolar dívidas e continuar a desalavancagem, permitindo a eles atingir as novas exigências de capital de 9%.

Isso é enganação da pior, tipo um jogo de fumaça e espelhos. Afinal, Draghi está pagando mais caro por bens que perderam valor. Qual é a vantagem disso? Pense qual seria a reação se o Banco Central dos Estados Unidos criasse um programa similar para combater os efeitos da bolha imobiliária. Vamos dizer que o presidente [Ben] Bernanke decidisse cobrir tudo o que os donos de casas perderam desde 2006.

Você acha que isso reduziria o número de casas em risco e as penhoras? Com certeza. Mas o povo miúdo não recebe ajuda desse tipo. O que se espera é que ele tome na cabeça. Todas as bondades vão para os caras do dinheiro. É por isso que existe a ORLP. O Banco Central Europeu está dando toneladas de dinheiro barato para seus amigos em troca de bens que, ELE SABE, não valem o dinheiro que está sendo emprestado. Assim, basicamente, é um subsídio (em outras palavras, golpe).

E o Banco Central Europeu está tentando esconder o que faz alegando que o mercado de financiamento bancário não está funcionando direito. Ou, como diz o sr. Draghi, as preocupações com o mercado de ações “causaram distúrbios severos no funcionamento normal dos mercados”.

Vocês já ouviram coisa tão idiota antes?

Quando os banqueiros inflam uma gigante bolha que explode e detona 8 trilhões de dólares em valor imobiliário, ninguém fala que “o mercado não está funcionando direito”, porque somos eu e você os perdedores. Mas quando os banqueiros correm risco, logo surgem as desculpas.

“Ah, não, não pode ser”, eles dizem. “Os mercados não devem estar funcionando direito”. Mas isso é nonsense. Não há nada de errado com os mercados. Afinal, estamos falando de compradores e vendedores, não de algum mecanismo intrincado que requer especialistas com suas pranchetas e jaquetas brancas. O problema é que ninguém está comprando o lixo que os bancos querem vender justamente porque o lixo perdeu muito valor no ano que passou. É só isso.

O sistema funciona assim: os bancos não ganham dinheiro com o João Ninguém e seu pequeno depósito que vem do salário semanal. Tudo isso mudou. A maneira como os bancos se financiam nos dias de hoje envolve grandes quantias de dinheiro que os fundos de investimento estacionam nos bancos enquanto se decidem sobre onde e como investir. Assim, os bancos usam o dinheiro para fazer empréstimos de curto prazo e colocam os bens garantidores dos empréstimos na contabilidade. O chamado “repo market” — sobre o qual estamos falando agora — é na verdade uma grande casa de penhor, sem qualquer regulamentação.

O problema inevitável é que as pessoas que tem acesso ao dinheiro grande (gerentes de fundos) se tornam mais e mais ressabiados com os bancos quando desconfiam do valor declarado dos bens usados como garantia. Assim, os bancos precisam dar mais e mais garantias para obter o mesmo tanto de dinheiro. Isso é equivalente a uma perda, o que significa que os bancos perdem mais e mais dinheiro em toda transação que fazem. Ao mesmo tempo, fica mais difícil para os bancos conseguirem dinheiro lançando ou vendendo ações. Por que? Porque a essa alturta todo mundo sabe que os bancos estão sentados sobre uma grande piscina fétida de bens financeiros podres, que  ninguém quer tocar nem mesmo com uma vara de 10 metros.

Isso significa que o mercado não está funcionando?

Não, na verdade o mercado está funcionando perfeitamente. Os investidores estão fazendo o que os investidores sempre fizeram. Estão separando o joio do trigo, nada mais que isso. É o sr. Draghi que está distorcendo o mercado ao bombar centenas de bilhões de euros numa bolha de ações que já implodiu faz tempo. Vocês tem acompanhado o que aconteceu com a Grécia recentemente?

Aqui está uma analogia que pode ajudar: vamos dizer que você precisa pagar uma prestação do automóvel de 500 reais. Você decide procurar alguma coisa no quintal para vender no Mercado Livre. No processo, encontra uma velha mesa de pebolim que só tem três pernas, cheia das manchas daquela festa-bebedeira que você fez anos atrás, e coloca o móvel à venda no Mercado Livre por 500 reais. Então, abre uma cerveja gelada e fica esperando pela enxurrada de ofertas.

[O Viomundo tomou liberdades poéticas com a tradução do parágrafo acima, para aproximá-lo de uma experiência que um leitor brasileiro teria]

Só que as ofertas nunca aparecem e você é obrigado a ligar para a financeira que está te importunando com as cobranças e dizer “desculpe, cara, não é culpa minha. O mercado não está funcionando direito!”.

Você acha mesmo que o cobrador vai te dar uma colher de chá?

O fato de que ninguém quer sua mesa de pebolim não é um sinal de que o mercado não está funcionando. A mesma regra vale para os papéis-lixo dos bancos. Ninguém os quer porque são lixo; nada mais que isso. Além disso, há sempre um preço para bens financeiros (mesmo o lixo); é uma questão de saber quanto as pessoas aceitam pagar por eles.

Neste caso, as ofertas por papéis da dívida soberana [de estados europeus, que estão na contabilidade dos bancos] são tão baixas que muitos bancos da União Europeis faliriam se vendessem os papéis e considerassem as perdas na contabilidade. É por isso que eles contam com o Draghi para salvá-los. E salvá-los é o que Draghi está fazendo.

O que deveria ter acontecido é que os bancos deveriam ter tido suas dívidas reestruturadas, para não forçar os contribuintes da eurozona a enfiar trilhões [de dinheiro público] neste novo regime de instituições bancárias-zumbi que eventualmente serão consideradas “muito grandes para falir”.

Mas a gigante operação de reinflação do Draghi é apenas um dos problemas da ORLP. Outra questão é que a montanha de garantias dos bancos está rapidamente se esvaindo, o que vai tornar mais difícil os empréstimos do Banco Central Europeu para os bancos em dificuldades em fevereiro, quando a fase dois da ORLP (estimada em 400 bilhões de euros) for lançada.

Mas, como pode ser? Isso significa que os bancos não teriam dinheiro, nem bens decentes para oferecer, o que significa que o sistema bancário moderno não passa de um jogo de enganar.

De fato, é um jogo de enganar. Veja, os bancos tem emprestado vastas somas de dinheiro usando os mesmos bens, de novo e de novo. É chamado de re-hipoteca e, na maioria dos casos, é perfeitamente legal. O problema surge, no entanto, nos ciclos de desalavancagem, quando os bens financeiros no cofre não batem com os que estão na contabilidade. E aí? Como o blog FT Alphaville, do Financial Times, notou: “… neste ambiente, os bancos poderiam facilmente ficar sem bens e falir (Dexia!) (“Death sanitised through credit“, FT Alphaville).

Isso coloca em dúvida o sucesso da chamada fase dois da ORLP. Afinal, existe um limite mesmo para o lixo que o BCE pode aceitar em troca de empréstimos.

Existem outros problemas com a ORLP, como o fato de que coloca o sistema de cabeça pra baixo, ao substituir os Estados pelos bancos privados. Como faz isso?

Ao dar aos bancos privados garantias implícitas sobre suas dívidas, ao mesmo tempo em que as dívidas dos governos perderam a garantia total do BCE, com isso reduzindo-as ao nível de junk. A razão pela qual isso aconteceu: Draghi sinalizou aos mercados que o BCE VAI agir como garantidor de último recurso para os bancos privados, mas não para os estados-membros. Assim, as taxas de risco para as dívidas de governos dispararam, enquanto as taxas para as dívidas de bancos privados cairam.  Naturalmente, isso criou pressão nos orçamentos de governos, já que os déficits continuam a explodir.

Pergunte a você mesmo o seguinte: em que mundo doido vivemos, no qual empresas privadas, que buscam lucro (como bancos) podem conseguir dinheiro emprestado mais barato que estados? Os estados empregam dezenas de milhares de trabalhadores, promovem programas sociais, pagam a polícia, a educação, o salário-desemprego, os serviços de saúde, etc. e operam em nome dos grandes interesses do público… e ainda assim, sob o regime de Draghi, banqueiros inescrupulosos podem usar sem limites os recursos dos bancos centrais com uma taxa de juros menor. Alguém poderia me explicar?

Naturalmente, é o que acontece quando as nações abrem mão do poder de imprimir seu próprio dinheiro. Perdem a capacidade de controlar seu próprio destino. Isso cria uma oportunidade para que as elites financeiras assumam o controle político-econômico, que é o que elas fizeram. A grande finança tomou o poder na Europa e está fazendo o que sempre fez, ou seja, está sistematicamente desmantelando as instituições que prestam serviços de saúde, de aposentadoria, que garantem o trabalho para milhões de pessoas comuns, jogando milhares na pobreza abjeta.

Não era esse o esquema? Não é isso o que o maestro italiano Draghi tinha em mente?

Uma última coisa: a ORLP não tem um mecanismo de transmissão. Em outras palavras, não há como fazer a liquidez que está se acumulando no sistema bancário passar para a economia real. Está tudo lá acumulado, como as reservas de mais de trilhão de dólares estão no sistema bancário dos Estados Unidos.

Assim, a luxuosa doação de 600 bilhões de euros do sr. Draghi não será investida em construções residenciais ou de novas empresas ou no desenvolvimento de novas drogas ou em veículos mais eficientes no gasto de energia.

Na verdade, a fortuna não será alocada para qualquer atividade produtiva. Em vez disso, será usada da mesma forma que os bancos dos Estados Unidos usaram os 700 bilhões de dólares do TARP [Troubled Asset Relief Program, programa de alívio a bens duvidosos, lançado pelo governo dos Estados Unidos para ajudar o sistema financeiro] ou o 1,25 trilhão da primeira etapa do QE [Quantitative Easing]; para turbinar bens em risco e para mandar o mercado de ações para a estratosfera durante um ano. E isso vai deixar a turma do Draghi muito feliz, já que eles vão ter lucros recordes, enquanto o resto da Europa mergulhará numa duradoura mini-depressão.

*MIKE WHITNEY vive no estado de Washington. Ele é contribuinte do livro Sem Esperança: Barack Obama e a política da ilusão, da editora AK. Responde e-mail no fergiewhitney@msn.com

Enquadramentos contábeis da vida:

Lição 1. Quando se casa o solteiro deixa de existir. Não o indivíduo. Mas a rua se abre para o solteiro e ele simplesmente vai embora.

Lição 2. A família da sua outra metade e meia vem a bordo, a bombordo e a estibordo. Nâo adianta, nada é mais parecido com a sua casa que a casa dos pais do seu cônguge.

Lição 3. Os filhos nunca mais te deixarão. Você deixa de existir na forma que veio ao mundo. Aquelas criaturinhas irão lhe tornar a pessoa mais feliz do mundo e é para sempre. Não importa no presente se já estão crescidas. Para você serão sempre suas crianças. E o mundo gira e você passa a entender seus pais. Que coisa.

Lição 4. A solitude do ex-riponga. Você costumava ir ao cinema sozinho, ao bar sozinho, sozinho ficava no banho, nos sonhos, na cama, na vida. Era solidão e solitude. Era demais, era de menos. Era muito, era pouco. Mas era. Você podia escolher. Tinha a namorada , tinha compromissos, mas havia as horas de nenhum compromisso. De completo relaxar. Mas isso não lhe bastava…

Lição 5. A Yôga entrou de graça neste post? Não, lá pelas bandas do primeiro ano de casório resolvi fazer Raja Yôga. Um colega de práticas evoluiu extraordinariamente bem ao ponto de me dizer: embora casado, hoje eu vou ao cinema sozinho e não sinto nenhuma culpa. Bingo !!!  Como esse cara conseguiu?

Lição 6. Arremedo da lição 5. A culpa é a mãe do Catolicismo, de todos os ismos falsos em nome do nosso Salvador. A culpa é a arma mais cruel e mais tirana já posta na face da terra. Nas costas de uma criança vira aleijão. No casamento vira mentira. A culpa dói como num conto de Kundera. Pesa, mesmo sendo sua leveza insustentável. A última das lições que espero ter nesta vida é me libertar dos grilhões da culpa. Sem culpa. Sem erros. Sem arremedos.Com acertos.

Lição 8. Todo Riponga deixa de ser à esquerda muito mais do que sua guinada à direita. Torna-se o mais disciplinado lacaio do capital que ele tanto combate.

Lição 9. Não há nada melhor do que os momentos felizes em família, principalmente os momentos fugazes, rápidos, cotidianos, mensageiros do reino Celeste , para desfazer qualquer dúvida sobre as lições anteriores e quem sabe até revogá-las.

 

 

DEDICADO A TODOS QUE PUDE CONVIVER ,MESMO QUE VIRTUALMENTE , NESTA BREVE EXISTÊNCIA.

Estou relendo alguns livros.

Conselho eterno do eterno Nelson Rodrigues.

Que atesta que alguns poucos e bons livros devem ser lidos e relidos à exaustão.

E nada mais.

Como não sou radical, embora petista.

Sou democrata e aceito críticas e procuro reler uma vez ou outra um livro e isso vem do acaso para o acaso. O acaso deste blog. Que começou…

E  bateu de pegar alguns livros de Mitch Albom.

E estou desde cedo e já acabando o livro “Por mais um Dia”.

Simples. Correto. Frugal. Mas, encharcado do amor de uma MÃE. De um FILHO. DE PERDÃO.

Caramba!

Não lembro como fiquei da primeira vez que li este livro.

Mas agora, neste domingão de bobeira e de família junta. Com direito a muita saudade , eu passo a acreditar um pouco mais na vida após a morte. Só um pouquinho.

Um cadinho de nada.

Eu passo a acreditar que o amor de todas as MÃES transcende corpos, carnes, terras e horizontes.

O amor das MÃES tira até o personagem do livro de um fim terrível.

O consola, traz o perdão. Resgata sua família. O livra do álcool. Até que ele possa partir. Alguns anos depois. Em paz. Uma imensa paz e um grande perdão drummonianos.

É muito para um dia só.

Um único livro.

Perdido durante alguns anos e reencontrado dessa forma. Como um tesouro.

Admirável.

E eu que tinha certeza da chatice dos dias com o meu nome, de hoje em diante vou sempre garimpar livros assim.

Que sei com absoluta certeza estarão ao meu lado.

Nâo são mais de cinquenta. Para quem achou que se comprasse livro por metro e enchesse parede e sala e meia , seria culto.

Hoje uma estante mínima. Uma parede grisalha, uma vida que chega aos cinquenta (daqui a pouco, hoje ainda não).

São cinquenta livros. Nem um a mais nem um a menos. Inclusive os emprestados e os que nunca voltarão. Esses eu não poderei lê-los novamente. Fica alguma coisa na alma. No coração.

Hoje é o amor das MÃES. E isso enche o dia inteiro e serve de alento a mais uma semana nesta cidade de RECIFE, a mais cruel e a mais amada das capitais brasileiras.

Disso tenho certeza.

Tanta certeza quanto as MÃES continuam a executar os seus serviços sem descanso quando levitam. Poemas eternos. Bençãos do Criador.

Hoje a minha fé aumentou um grama. Do tamanho talvez de uma semente de mostarda. Talvez exista outra semente menor para me enquadrar.

E eu me salvei de mim.

E a Jaqueira está logo ali me convidando para assistir tanta gente, tanta poesia em movimento, tantas crianças, tanta natureza de t0das as formas que eu deveria pagar para ter esse direito. Mas, graças a ELE e as MÃES , a gente pode ser feliz em qualquer dia da semana.

Alguns amigos se foram, outros virão. Mas ninguém passa em vão ao nosso lado.

AMÉM.

 

PS – Os livros de Tereza Costa Rego e de Carlos Pena Filho esperam pelo dono . Como farei para entregá-los? Fala aí Arsênio.

Sonhos não envelhecem…

Publicado: 01/05/2011 em Crônicas

Do clube da Esquina pra o clube do meu coração.

Do bloco das coisas mais importantes para o bloco das coisas menos importantes.

Saber que um sonho é viável. Saber que basta vontade, competência e honestidade que todos, aos milhares virão atrás.

Farão virar realidade os sonhos. Atos, fatos, vontade e ação. Transparência.

Com amor ao clube se cuida do seu jardim e também da sala de estar.

Para recebermos bem nossos adversários.

Que não são nossos inimigos.

Ora pois, ao vencedor as batatas.

E mais não digo. Pois a viabilidade do meu clube de coração é algo tão concreto quanto o meu sonho e o da minha família.

De toda uma nação em vermelho e branco.

Podemos ser grandes. Queremos ser grandes.

Mas tem gente que não deixa. Tem gente que quer sempre magoar o nosso peito e como diz Chico: faça não.. . que ele é um pote até aqui de mágoa. Ele é um pote até aqui de mágoa…

Mas cabe, em meio ao mar de buzinas que deixa a nossa Recife mergulhada em outras cores, as cores vermelho e preto uma singela homenagem aos torcedores do Sport Clube do Recife:

ARSÊNIO e HOULDINE.

PARABÉNS. SIGAM EM FRENTE. GANHARAM NA BOLA.

Ficam aqui dois vídeos para me embalar nesta noite de pizza por telefone e uma solidão Lispectoriana:

Fernando Sabino.

Publicado: 30/04/2011 em Crônicas

A útima crônica
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.

O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você…” Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.”

Fernando Sabino

O verdadeiro papel da torcida.

Publicado: 29/04/2011 em Crônicas

Do Blog do Torcedor:

Cerca de mil torcedores do Náutico compareceram no treino da equipe nos Aflitos nesta tarde. Em meio à denúncia feita pelo pai de Eduardo Ramos e pelo Náutico de que o Sport tentou subornar o meia alvirrubro, o registro ficou de lado, mas agora é feito na galeria de fotos abaixo.

Para o técnico do Náutico, Roberto Fernandes, a presença fortalece o grupo alvirrubro num momento de dúvidas. Ele só exagerou na quantidade de torcedores que viu no local.

“Eu queria fazer um registro do que seria a grande notícia do dia, o apoio de 3, 4, 5 mil torcedores fazendo de um treinamento um jogo. Isso mostra a confiança, o apoio, um pequeno couvert da festa que eu falo (o jogo), da demonstração de que a torcida realmente vai lotar os Aflitos num momento de dificuldade e a gente vai fazer um grande jogo e corresponder a essa expectativa. Temos um grupo que está comprometido, um grupo jovem, e depois de uma derrota dessas geram-se questionamento e dúvidas, mas eu tenho certeza que eles vão para os treinamentos finais sabendo que apoio não vai faltar para esse domingo”, disse Roberto Fernandes.

Peladas

Armando Nogueira

 

 

Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto

E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: “eu jogo na linha! eu sou o Lula!; no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe.” Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha.

Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro jogo sem camisa.

Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.

Em compensação, num racha de menino ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quiçá no meio-fio, pára de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.

Aqui, nessa pelada inocente é que se pode sentir a pureza de uma bola. Afinal, trata-se de uma bola profissional, uma número cinco, cheia de carimbos ilustres: “Copa Rio-Oficial”, “FIFA – Especial.” Uma bola assim, toda de branco, coberta de condecorações por todos os gomos (gomos hexagonais!) jamais seria barrada em recepção do Itamarati.

No entanto, aí está ela, correndo para cima e para baixo, na maior farra do mundo, disputada, maltratada até, pois, de quando em quando, acertam-lhe um bico, ela sai zarolha, vendo estrelas, coitadinha.

Racha é assim mesmo: tem bico, mas tem também sem-pulo de craque como aquele do Tona, que empatou a pelada e que lava a alma de qualquer bola. Uma pintura.

Nova saída.

Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.

O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar.

Em cada gomo o coração de uma criança.

 

A desculpa para a incompetência. A falta de preparo de um dirigente inocente , puro e besta. Para se preparar para uma guerra tudo vale a pena no futebol. Os bastidores são podres, Nelson Rodrigues já falava disso há mais de trinta anos. E de que adianta isso?

Nos idos de 80/90 a nossa seleção de voleibol não tinha títulos, nem camisa, nem mística. Não ganhava quase nada. Ou se ganhava era por aqui mesmo. Na latino-america. Exceção ao ano de 1984. Milagre praticado por uma geração excepcional. Que ultrapassou os seus limites. Quem não lembra? Renan, Xandó, Bernard e cia ltda? Jornada nas estrelas?

Os EUA de Barack eram o país do voley. Além do basquete, do golfe, do tênis, da natação, do atletismo, do futebol americano, do rugby, do beisebol. O país do esportes. Tem mágica? Tem não.

Investimento nos jovens. Leiam a entrevista de Joaquim Cruz, que mora nos EUA desde 1984, casado com uma americana. Embora esteja na Veja, a entrevista é histórica. Lá , Joaquim Cruz ensina o básico. A cartilha de como se investir em esportes.

Foi o que o Banco aí da Camisa Canarinho resolveu fazer. Banco que aliás conheço um cadinho , resolveu entrar no circuito. Ou na Arena.

E com um dirigente chamado Carlos Arthur Nuzmann. Amado/odiado. Nunca ignorado. Para mim um grande dirigente. Para outros um picareta. Existiram outros, Bebeto de Freitas. Mas Nuzmann é Nuzmann.

Não importa.

A partir da chegada do Banco aí da foto, a nossa seleção de volley começou a sua jornada rumo ao infinito.

A seleção com o maior número de títulos mundiais da história do volley.

Superando a Itália.

Superando a descrença.

Desacreditando essa história de que camisa pesa.

Pesa nada.

O que vale é a grana. Bons salários. Treinos com tudo que há de mais moderno.

Jogadores tranquilos quanto ao seu futuro e o futuro da suas famílias.

E o futebol?

Bem diferente é verdade.

A lógica de qualquer outro esporte não se aplica ao futebol.

Enquanto a seleção de Bernardinho ganha 8 de 10 partidas, no futebol a nossa melhor seleção ( a de 1982 , na minha singela e burra opinião ) não passou pela Itália, num dia abortivo onde Cerezzo entregou a pizza, a cereja, o bolo, o kct a quatro e voltamos prá casa tocando samba quadrado.

Mas e aqui em Pernambuco. A terra de Ariano rubro negro Suassuna?

A terra do Capiba tricolor Lourenço bancário?

A terra do flu e alvirrubro Nelson sobrenatural Rodrigues?

O que tem feito o peso das camisas?

As camisas?

Os símbolos?

A numerologia?

O que diria Carlos Penna Filho? Ascenso Ferreira? Manoel Bandeira?

Quais os seus times? Errei algum aí por riba?

Errei o time do grande brasileiro e governador Barbosa Lima Sobrinho? O Timba?

Quem tem mais garra, quem é mais frouxo?

Qual a torcida que empurra mais o seu time?

Quem ama mais um clube?

Que mística afinal é essa?

Que macumba mais doida provoca um pulo de um torcedor em direção à morte?

Amizades desfeitas? Por causa de um time?

Que mística é essa?

Para mim, o símbolo nos ombros e na frente da camisa representa o cifrão – $$$$$ – , a bufunfa, o papé bordado, o arame.

Esse é o motor da mística.

Salários em dia.

Salas de recuperação e um CT à altura de um São Paulo, um Santos.

Médicos, fisiologistas, preparadores físicos, massagistas, ortopedistas, dentistas. Um timaço. Bem pago.

Salários em dia. O carimbo para as conquistas.

Transparência: o caminho para o retorno dos grandes patrocinadores.

Foi assim com o Volley.

Com um ele ou dois.

Pode ser assim em Pernambuco para o Náutico e o Santa Cruz.

Faltam os Nuzmann para as bandas dos Aflitos e do Arruda.

Hegemonia prá mim é isso.

Mística é outra coisa.

E mesmo morando em Salvador eu nunca bati um bombo, nunca comprei nem vendi animais e muito menos os sacrifiquei.

E não acredito em bruxas.

Mas que elas existem, existem…

Cascão.

Publicado: 25/03/2011 em Crônicas

Um dos melhores amigos que já tive na vida.

Simplesmente Cascão. Ou Mauro Ferreira da Silva.

Decentemente, o conselheiro da turma. Um pouco mais velho, fazia às vezes de tio, irmão , nos livrou uma vez até de um assalto, atravessando a rua e dispersando o grupo, ali pertinho, no oitão do Hospital Agamenon Magalhães.

O tempo em que assaltante não atirava, visava os relógios e não a vida. Quando frustrados, se limitavam a encarar as quase-vítimas e iam embora. Bufando, mas iam. E voltavam, que os filhinhos de papai (na opinião deles ) eram todos zé manés.

Ali subindo a Mangabeira e o Alto José do Pinho ia visitar meu amigo. Que retribuia a visita. Época em que preto e pobre entrava nos clubes desconfiado. Mas entrava. E a gente aproveitou um bocado da vida. Clube Alemão era brincadeira. O Português nem se fala. O Náutico eita , deixa prá lá. Pular muro, levar carreira de vigia, voltar prá casa a pé de madrugada sem medo de nada. Liberdade sem libertinagem.

Cascão que nasceu no meio da malandragem, das drogas, da pobreza e sempre trilhou o caminho do bem. Parece até que estou em outro mundo viajando nessas lembranças. Nâo havia o crack é verdade. Mas se houvesse, o craque Cascão driblava essa também.

É que me calhou um episódio em que vi meu pai se desculpar e apenas essa vez, por um juízo de valor infeliz. Meu pai, cujos conselhos eram bastante diretos e bem sábios. Pensava bastante antes de aconselhar e por isso falava pouco.

Preocupado com o caçula. Preocupado com a esquadrilha da fumaça da Rural, da Tamarineira, dos morros. Fumaça prá tudo que é lado, o velho deu uma direta que até hoje me lembro. Traulitada das boas. Pena que foi o pobre amigo Cascão que pagou o pato.

Foi a única vez que vi o nobre amigo me confessar: – Rapaz, só porque eu sou preto, pobre ,  o teu pai vem sugerir que tú escolhas melhor as amizades. Gelado estava eu. De vergonha. Cascão até marejou, de leve e disfarçadamente, que o cara era foda até nessas horas.

Ainda me disse no portão da rua Gomes Coutinho 218: – Sabiá, nessas horas dá vontade mesmo é de experimentar um baseado. Mas fica tranquilo. Siga meus conselhos. Fuja dela. Vamos tomar uma.

E fomos.

E a vida separou cada um dos nativos da zona norte. Seguimos caminhos.

O velho Cascão se mandou para o Rio de Janeiro. Sabiá foi para Salvador e de lá direto para Garanhuns.

O resto é café pequeno. Fogueiras puladas. Quantas…

Penso nos amigos de hoje em dia e vejo que tenho muita sorte. Mesmo a gente se vendo pouco. Mesmo a correria que teima em consumir nossas vidas. Mesmo a gente lutando para ter mais calma, continuo com sorte. Muita sorte. Bons e poucos amigos tem cruzado meu caminho.

Sinto falta de outros Cascões. Não sei por onde andam.

Nessa sexta-feira, onde mais uma vez a humanidade enloquece para depois de ressaca encarar as manhãs de sábado, penso onde estará o velho amigo. E lhe envio uma prece.

Espero encontrar-lhe um dia. Cheio de filhos. Vida tranquila. Meia idade. Paz de espírito. Continuando a ser o grande conselheiro e leal amigo de todas as horas.

E a gente possa relembrar um médico amigo. Tocando piano para dois jovens. Sorrindo desculpas. Medindo as palavras. Sem jeito. Quase num lamento a dizer: Cascão, seja bem vindo nesta casa.

Naquele dia eu reencontrei meu pai. Graças a um grande amigo. E o jogo da vida estava começando. E começando bem.

PS – Dedicado ao meu filho Daniel. Neste ano se revelou meu melhor amigo. Não tem sido um ano fácil. 2011 começou arrochado. Prá todo mundo aqui em casa. E Daniel tem sido um oásis em nossas vidas. Tenho tido o cuidado de não precisar sorrir amarelo, pedir desculpas. Cometer injustiças. Mas nunca se sabe. Quem ama cuida. E só erra quem está vivo. Um beijão meu pai. Esse prece também é sua. O seu neto dedilha no quarto ao lado o violão . Com a sua veia musical. Meu querido velho. Eu escuto em paz e é assim que quero adormecer um dia…

 

Peguei o título emprestado de uma bela música do grande batera Israel Semente.

É que só botando o Ave Sangria de novo prá tocar ( o que é impossível, pois um já levitou, o outro endoidou, e o que ficaram evoluíram para melhor) para podermos entender esse boom imobiliário. Bolhas mil!

É que, nos meus parcos 28 anos de bancário aprendi alguma cositas. Boas e más.

As más, é que os “jênios” do mal sempre encontram uma forma de lavar dinheiro.

Tem uma lavadora que dá 10 anos de garantia no seu motor.

É importada e é das boas.

Tem lavanderia dando 30 anos de usura para construção de um Arena.

E tome cobiça. E tome atiçar a ganância do povão. E tome desvio de foco das gestões temerárias. Dos passivos trabalhistas, fiscais e previdenciários.

Muito se tem falado em Arena nos últimos dias.

Arena que ficou velha pro lado dos Aflitos. Desbotou o Luso, ficou o Jiquiá, depois migrou para São Lourenço e em verdade continuamos muito mal obrigado, no Eládio de Barros Carvalho.

Me recordo de uma amiga da minha mãe. Uma decente viúva com uma bela casa no Parnamirim. Enorme terreno, custos elevados de manutenção. Troca a casa por área construída. A Construtora vai a falência. Nem casa, nem apartamentos. Miséria.

Já levitou a nobre senhora. Causa mortis: desgosto.

Outras Arenas se anunciam.

Com a palavra (se assim o permitir a prudência) o mano mais novo.

Não vou nem dizer o nome dele. Mas todos sabem quem é o sócio majoritário do Fusca junto com João Carlos e André Gustavo e Magna e Edgar.

Arenas por todo lado.

Futebol ruim por toda parte.

Federação carcomida dando nos nossos nervos.

Arbitragem ruim prá cacilda.

Eu sou um pessimista?

Quem dera.

Morro de otimismo incorrigível.

Todo dia ao acordar lembro do mestre que disse: abra os braços, se não topar nas paredes de um caixão, já começou o dia no lucro.

A grande diferença do otimista para o idiota é justamente essa:

-O otimista não bota mão em cumbuca prá ver se de lá sai uma Arena.

 

PS – Amanhã tem Sábado Som. E sol iluminará de novo o blog. Por enquanto os refletores do Fusca estão meia boca porque esse papo de Arena prá mim que olho sempre o lado financeiro , é a maior roubada. Pelo menos nos Aflitos. Em outras bandas a banda é outra e a música também.

PS II – Dizia meu avô, Pedro de Souza, rubro-negro por sinal e dos bons, que todo dia sai um sabido e um besta de casa. Quando eles se encontram não tem clipe, nem birilo, nem tungão que separe. Pelo contrário, é pelas tungadas dos tungões que a gente se lasca.

É fumo. De rolo e pacaio. No toitiço !!!

OLHA QUE PS – REPENTE AGALOPADO. OITO PÉS A QUADRÃO.

Chega de Arena. Pelo menos por ora.
Corregedoria, eis tua hora.
Agora é que são elas.
Gavião, olhos de serpente,
falsas sentinelas, tristes paladinos,
Aves de rapina, boi tungão,
Escutem as dobras dos velhos sinos…
mas alguém me diz, com razão:
– estão na espreita, estão na espera…
Mas podem virar picadinho,
que bonzinho por bonzinho
o recado ja foi dado:
não haverá primavera
a luta vai ser renhida,
cada um cuide da vida
de modo bem afinado
para o boi não virar comida
do seu próprio gado.

Arsênio Meira Filho