Arquivo de setembro, 2011

Posso beber,

mas não posso dirigir.

Posso torcer,

mas não posso enlouquecer.

Posso amar,

mas não posso possuir.

Posso trabalhar,

e agradeço a D’us por não poder não ter trabalho.

Posso me ajoelhar,

mas não posso me curvar.

Posso ter dinheiro,

mas não posso comprar a paz.

Tudo me é permitido,

Mas nem tudo me convém, disse Paulo. O Apóstolo febrento.

Só dói um pouco, já passou, já passou,

é voltar para casa mancando depois dos 46′.

Aí eu lembro do comentário de Almir Rouche:

“DETALHE, A VIDA É UMA MANGA, ONTEM TU MANGASTE DE MIM, HOJE EU MANGO DE TU, E AMANHÃ EU DESLIGO O MEU PC PRA TU NÃO MANGARES DE MIM! KKKKKK

Eu posso ter senso de humor,

eu não posso é desistir dele.

Vamos simbora Zé Lezin?

 

Vem Coluna nova aí !!!

Publicado: 29/09/2011 em Poesia

Enquanto o Mestre não chega, vamos nos deliciando com a Arte de Giuseppe Tornatore e os inesquecíveis Totó e Alfredo:

Crianças e mulheres primeiro…

 

 

“É a Goldman Sachs que manda no mundo”

O bom humor…

Publicado: 28/09/2011 em Domingos - Crônicas

 

Faz bem a saúde.

Dilata as artérias.

Relaxa os músculos do rosto, das costas, dos braços, das pernas.

Suaviza o coração.

Faz bem aos dentes.

Melhora a visão.

Faz até nascer cabelos dizem.

Reata amizades.

É irmão do perdão.

Constrói pontes. Repara estradas. Derruba cercas.

É quase um milagre.

É certeza de que a existência é divina.

O humor.

Já definia Drummond?

É amor !!!!

PS – Para todos os internautas que se enfrentaram ontem à noite sem o menor senso de humor. E para uma cena lamentável que assisti pertinho de casa quando voltava do jogo do Náutico. Dois amigos brigando (murros, tapas e chutes) por causa dos seus times ( Náutico e Sport). Loucura assim só tinha vista na praça de Casa Forte na eleição para Presidente, quando dois amigos de infância terminaram presos pela mesma paixão que cega e destrói a nossa inteligência.

 

PS II – O bom humor é a única qualidade divina do homem.

Arthur Schopenhauer

 

Os que fazem greve são os funcionários ineptos. Os competentes trocam de emprego por um salário mais alto.

Walmir Celso Koppe

Bancários em greve por tempo indeterminado. Menos este zé roela aqui. Chamado de pelego, baba-ovo, etc pei bufe coisa e tal. Eu e mais uns gatos pingados. Trabalhando.

Já fiz muita greve.

Hoje com o movimento sindical na mão do governo, vendido, prostituído, entregue por cargos nas mãos dos banqueiros, eu vou fazer greve por que motivo? Aumentar meu salário não vai. Já fiz 30 dias de greve e voltamos com o rabo entre as pernas.

No sindicato dos bancários de pe ( em minúsculo mesmo, de merda) existem 70 diretores. Gente assim só vi no Náutico de tempos atrás quando vinham jogadores em carroças, bondes, paus de arara.  Fazendo o quê os 70 diretores?

É um feudo e ai de quem resolver tirá-los de lá.

Então o melhor é cada um buscar o seu melhor. Fora desta vida.

Que bancário é o mendigo de gravata já dizia a culta e bela Sheila do Tchan.

Do Blog Viomundo de Luiz Carlos Azenha:

Islândia: O país que disse não aos banqueiros

Não pode pagar, não vai pagar

O ‘não’ em alto e bom som da Islândia

Pela segunda vez, o povo da Islândia votou por não pagar as dívidas internacionais causadas pelos bancos, e banqueiros, pelas quais toda a ilha está sendo responsabilizada. Com a presente turbulência nas capitais europeias, poderia ser este o caminho a seguir pelas outras economias?

por Silla Sigurgeirsdóttir e Robert H Wade, na versão em inglês do Le Monde Diplomatique*

Tradução: Pedro Germano Leal**

A pequena ilha da Islândia tem lições para dar ao mundo. Ela realizou um referendo em abril para decidir, mais ou menos, se as pessoas comuns deveriam pagar pela folia dos banqueiros (e por extensão, se os governos podem controlar o setor corporativo, já que suas finanças dependem dele). Sessenta por cento da população rejeitaram um acordo negociado entre a Islândia, a Holanda e o Reino Unido para pagar de volta os governos britânico e holandês o dinheiro que gastaram para compensar correntistas do banco Icesave, que faliu. Houve menos resistência do que no primeiro referendo, na primavera passada [N.T. no Brasil, outono], quando 93% votaram não.

O referendo foi significativo, uma vez que os governos europeus, pressionados por especuladores, o FMI e a Comissão Europeia, estão impondo políticas de austeridade, as quais não foram votadas por seus cidadãos. Mesmo os devotos da desregulamentação estão preocupados com o grau de servidão que o mundo ocidental tem para com instituições financeiras que não sofrem qualquer constrangimento. Após o referendo islandês, mesmo o Financial Times, que é liberal, noticiou com ares de aprovação, em 13 de abril, ter sido possível “colocar os cidadãos em primeiro lugar, ao invés dos bancos”, uma idéia que não encontra ressonância entre os líderes políticos europeus.

A Islândia é  um exemplo excepcionalmente puro da dinâmica que bloqueou a regulamentação e causou a fragilidade financeira no mundo desenvolvido por 20 anos. Em 2007, pouco antes da crise financeira, a renda média da Islândia foi a quinta mais alta do mundo, 60% acima dos níveis dos EUA; lojas de Reykjavik foram recheadas com produtos de luxo, seus restaurantes fizeram Londres parecer barata, e SUVs sufocaram suas ruas estreitas. Os islandeses foram as pessoas mais felizes do mundo de acordo com um estudo internacional realizado em 2006 (1). Grande parte deste fenômeno residiu no crescimento super-rápido de três bancos islandeses que saltaram de instituições de pequeno porte em 1998, para estar entre 300 maiores bancos do mundo, oito anos depois, aumentando os seus ativos de 100% do PIB em 2000 para quase 800% em 2007 – uma proporção superada apenas pela Suíça.

A crise chegou em setembro de 2008 quando os mercados monetários foram tomados após o colapso do Lehman. Em uma semana, três grandes bancos da Islândia entraram em colapso e se tornaram propriedade pública. A agência de classificação Moody’s agora lista-os entre os 11 maiores colapsos financeiros da história.

A caminho da modernização

Depois de mais de 600 anos de dominação estrangeira, a estrutura social da Islândia era a mais feudal de todos os países nórdicos no início do século 20. A pesca dominava a economia, gerando a maior parte dos ganhos em moeda estrangeira e permitindo o desenvolvimento de um setor comercial baseado em importação. Isso viabilizou atividades econômicas urbanas: construção, serviços, indústria leve. Após a segunda guerra mundial, a economia cresceu fortemente, por causa da ajuda do Plano Marshall (havia na Islândia uma grande base militar dos EUA-OTAN); de um produto de exportação abundante, peixes de água fria, raramente abençoado com alta elasticidade-renda da demanda; e de uma pequena população alfabetizada com um forte senso de identidade nacional.

Conforme a Islândia tornou-se mais próspera, ela estabeleceu um estado de bem-estar social, de acordo com o modelo escandinavo, financiado por impostos, e pela década de 1980 havia atingido um nível e uma distribuição de renda igual à média nórdica. No entanto, manteve-se tanto mais regulada quanto mais dominada por clientelismo do que seus vizinhos europeus; um oligopólio local restringiu o panorama político e econômico.

Há uma linha de descendência direta entre as estruturas de poder quase-feudais do século XIX e o capitalismo islandês modernizado do final do século XX, quando um bloco de 14 famílias, popularmente conhecido como “O Polvo”, constituía a elite econômica e política dominante. “O Polvo”  controlava as importações, transportes, bancos, seguros, pesca e suprimentos para a base da OTAN, e fornecia a maioria dos políticos de primeiro escalão. As famílias viviam como chefes de clãs.

“O Polvo” controlava o Partido da Independência (IP), de direita, que dominou a mídia e decidiu sobre nomeações de altos funcionários no serviço civil, policial e judicial. Os bancos estatais locais foram efetivamente comandados pelos partidos dominantes, o IP e o Partido do Centro ou CP (2). Pessoas comuns tinham que passar por funcionários do partido para obter empréstimos para comprar um carro, ou para comprar moeda estrangeira para viajar para o exterior. As redes de poder operavam como teias de bullying, servilismo e desconfiança, impregnadas de uma cultura machista, algo como a antiga União Soviética.

Esta ordem tradicional foi desafiada a partir de dentro por uma facção neoliberal, o grupo “Locomotiva”, que se uniu no início da década de 1970 após estudantes de administração e direito da Universidade da Islândia tomarem um jornal, A Locomotiva, e promoverem idéias de livre mercado. O objetivo deles não era apenas transformar a sociedade, mas também para abrir oportunidades de carreira para si mesmos, ao invés de esperar pelo patrocínio do “Polvo”. No final da guerra fria, a posição do “Locomotiva” foi reforçada material e ideologicamente, conforme os comunistas e os social-democratas perdiam o apoio popular. O futuro primeiro-ministro do IP, David Oddsson, era um membro proeminente.

Oddsson, nascido em 1948 em uma família de classe média, foi eleito vereador pelo IP para conselho municipal de Reykjavik em 1974; por volta de 1982, ele foi prefeito de Reykjavik, conduzindo campanhas de privatização, incluindo a venda de indústria municipal de pesca, para o benefício de membros do grupo “Locomotiva”. Em 1991, ele liderou o IP para a vitória na eleição geral, e reinou (não, não é uma palavra muito forte) como primeiro-ministro por 14 anos, supervisionando o crescimento do setor financeiro, antes de instalar-se como diretor do Banco Central, em 2004.

Ele tinha pouca experiência ou interesse no mundo além da Islândia. Seu protégé no grupo “Locomotiva”, Geir Haarde, ministro da Fazenda de 1998 a 2005, assumiu como primeiro-ministro pouco depois. Estes dois homens foram diretamente responsáveis por realizar o grande experimento da Islândia para criar um centro financeiro internacional no Atlântico Norte, no meio do caminho entre a Europa e os Estados Unidos.

A Islândia liberaliza

A liberalização da economia começou em 1994 quando, aderindo ao Espaço Econômico Europeu, o bloco de livre comércio dos países da UE, mais a Islândia, Lichtenstein e Noruega, suspenderam as restrições sobre os fluxos transfronteiriços de capitais, mercadorias, serviços e pessoas. O governo Oddsson, em seguida, vendeu ativos estatais e desregulamentou as leis trabalhistas. A privatização começou em 1998, implementada por Oddsson e Halldór Ásgrímsson, o líder do CP. Quanto aos bancos, o Landsbanki foi entregue a grandes nomes do IP; o Kaupthing, a seus equivalentes no CP, seu parceiro de coligação; licitantes estrangeiros foram excluídos. Mais tarde, o Glitnir, um banco privado formado a partir da fusão de vários outros menores, juntou-se à liga.

Assim, a Islândia rugiu nas finanças internacionais ajudada, globalmente, pelo crédito barato e abundante, e a livre mobilidade do capital; e, internamente, por um forte apoio político aos bancos. Os novos bancos fundiram banco de investimento com banco comercial, de modo que ambos compartilhavam garantias do governo. E o país tinha uma dívida soberana baixa, o que garantiu aos bancos notas altas das agências internacionais de classificação de risco. Os principais acionistas do Landsbanki, do Kaupthing, do Glitnir e seus spin-offs inverteram a dominação da política sobre as finanças, antes vigente: as políticas do governo eram agora subordinadas aos interesses das finanças.

Oddsson e seus amigos relaxaram as regras estatais de hipoteca, permitindo empréstimos de 90%. Os bancos recentemente privatizados correram para oferecer condições ainda mais generosas. O imposto de renda e as taxas de VAT [‘imposto sobre valor acrescentado’, IVA] foram reduzidos para transformar a Islândia em um centro financeiro internacional com baixos impostos. A dinâmica da bolha tomou seu lugar. Gestores urbanos buscaram mudar a trajetória de Reykjavík, de uma cidade comum, para uma cidade do mundo (apesar de sua pequena população de 110 mil habitantes) e aprovaram vários novos e grandiosos edifícios públicos e privados, dizendo: “Se Dubai pode, por que não Reykjavik?”

A nova elite bancária da Islândia tinha a intenção de expandir sua propriedade sobre a economia, competindo e cooperando uns com os outros. Usando suas ações como garantia, alguns assumiram grandes empréstimos de seus próprios bancos, e compraram mais ações dos mesmos bancos, inflando os preços das ações. Funcionava assim: o Banco A emprestava aos acionistas do Banco B, que compravam mais ações do B usando ações como garantia, elevando o valor das ações de B. O Banco B retornava o favor. Os preços das ações dos dois bancos subiam, sem que qualquer dinheiro novo entrasse no esquema. Os bancos não tornaram-se apenas maiores: eles cresceram mais e mais interligados. Vários negócios deste tipo estão agora sob investigação criminal por um promotor especial, como casos de manipulação do mercado.

A pequena Islândia logo conseguiu entrar na liga dos grandes bancos, com três bancos entre os 300 maiores do mundo até 2006. A superabundância de crédito permitiu que as pessoas consumissem, em uma celebração extravagante de sua fuga das décadas anteriores, de racionamento de crédito (que por sua vez repousava em outra fuga, a da dominação estrangeira, tão recentemente quanto 1944). No fim das contas, eles se viam como totalmente independentes, o que pode explicar sua classificação no ranking da felicidade. Os proprietários e gerentes remuneravam-se em uma escala cada vez maior. Quanto mais ricos se tornassem, mais atraíram o apoio político.

Seus jatos particulares, rugindo para dentro e fora do aeroporto de Reykjavík, pareciam ser uma prova visual e auditiva para a população que os via de baixo, parte admirando-os, parte invejando-os. A desigualdade de renda e riqueza cresceu, ajudada por políticas governamentais que aumentaram a carga tributária da população mais pobre (3). Os banqueiros fizeram grandes contribuições financeiras para os partidos do governo e empréstimos gigantescos para políticos-chave. O principal porta-voz islandês da economia de livre mercado declarou ao The Wall Street Journal: “o experimento Oddsson com as políticas liberais é a maior história de sucesso no mundo” (4).

Na euforia, os perigos de uma estratégia de “crescimento econômico baseado em vasto endividamento externo” foram ignorados. Os islandeses viveram o ditado de Plauto, dramaturgo romano do terceiro século a.C., que fez um de seus personagens declarar: “eu sou um homem rico, enquanto eu não pagar meus credores.”

A mini-crise de 2006

Em 2006, havia preocupações na imprensa financeira sobre a estabilidade dos grandes bancos, que estavam começando a ter problemas em captar recursos nos mercados monetários (nos quais seu modelo de negócio dependia). O déficit em conta corrente da Islândia havia disparado de 5% do PIB em 2003 para 20% em 2006, um dos mais altos do mundo. O mercado de ações multiplicou-se nove vezes entre 2001 e 2007.

O Landsbanki, o Glitnir e o Kaupthing estavam operando muito além da capacidade do Banco Central da Islândia de apoiá-los como mutuante de último recurso; suas responsabilidades eram reais, mas muitos de seus ativos foram duvidosos. Em fevereiro de 2006, a agência de classificação Fitch rebaixou as perspectivas da Islândia de estável para negativa e desencadeou a “mini-crise” de 2006: a krona [N.T. ‘coroa islandesa’, moeda corrente da Islândia] caiu drasticamente, o valor dos passivos dos bancos em moeda estrangeira subiu, o mercado de ações caiu, a insolvência aumentou, e a sustentabilidade de dívidas em moeda estrangeira tornou-se um problema público. O banco Danske de Copenhagen descreveu a Islândia como uma “economia geyser”, a ponto de explodir (5).

Os banqueiros e os políticos islandeses desprezaram a crise. O Banco Central da Islândia pegou um empréstimo para dobrar as reservas cambiais, enquanto a Câmara de Comércio, administrada por representantes do Landsbanki, do Kaupthing, do Glitnir e seus spin-offs, respondeu com uma campanha de relações públicas. Ela pagou ao economista monetário americano Frederic Mishkin $135.000 para emprestar seu nome a um relatório atestando a estabilidade dos bancos da Islândia.

Supostamente pagou ao economista Richard Portes £58.000 ($95.000), da London Business School, para fazer o mesmo por um relatório mais tarde. Em 2007, o economista pelo lado da oferta, Arthur Laffer, assegurou a comunidade empresarial islandesa que o crescimento econômico rápido, com um grande déficit comercial e a e o crescimento da dívida externa eram sinais de sucesso: “a Islândia deve ser um modelo para o mundo” (6). O valor dos “ativos” dos bancos era, então, cerca de oito vezes maior do que o PIB da Islândia.

Nas eleições de maio de 2007, a Aliança Social Democrática (SDA) entrou em um governo de coalizão com o IP, ainda dominante. Para o constrangimento de muitos dos apoiadores do SDA, líderes do partido abandonaram suas promessas pré-eleitorais e endossaram a contínua expansão do setor financeiro.

Apesar de terem sobrevivido a 2006, o Landsbanki, o Glitnir e o Kaupthing tinham dificuldades em levantar dinheiro para financiar suas compras de ativos e pagar as dívidas existentes, em grande parte denominadas em moedas estrangeiras. Então, o Landsbanki criou algo novo com o Icesave, um serviço online que visava ganhar depósitos de poupança em varejo, oferecendo taxas de juros mais atraentes do que os bancos tradicionais.

Fundado na Inglaterra em outubro de 2006, e na Holanda 18 meses depois, o Icesave chamou a atenção de sites de finanças, especializados em ofertas pela internet, e logo foi inundado com depósitos. Milhões de libras vieram da Universidade de Cambridge, da Autoridade Geral da Polícia Metropolitana de Londres, e mesmo da Comissão de Auditoria do Reino Unido, responsável pela supervisão de fundos do governo local, bem como dos 300 mil depositantes do Icesave só no Reino Unido.

As entidades do Icesave foram legalmente estabelecidas como filiais, ao invés de subsidiárias, então elas estavam sob a supervisão de autoridades islandesas, ao invés daquelas dos países onde se instalavam. Ninguém percebeu que a agência reguladora islandesa tinha uma equipe total, incluindo recepcionista, de apenas 45 pessoas, e que sofreu uma alta rotatividade já que muitos passaram a trabalhar para os bancos, que ofereciam melhor remuneração.

Ninguém se importava com isso, já que de acordo com as obrigações da Islândia como membro do Fundo de Garantia de Depósito do Espaço Econômico Europeu, a sua população de 320.000 seria responsável pela indenização dos depositantes no exterior em caso de falha. Acionistas do Landsbanki colheram os lucros de curto prazo enquanto a maioria dos islandeses não sabia absolutamente nada sobre Icesave.

Cartas de amor

A segunda “solução” para as dificuldades em levantar novos fundos foi uma maneira de obter mais acesso à liquidez sem oferecer ativos reais como garantia. Os Três Grandes venderam títulos da dívida a um banco regional menor, o que levou estes títulos ao Banco Central, e tomavam empréstimos contra eles, sem ter que fornecer garantias adicionais; eles então emprestavam de volta para o banco em questão. Os títulos foram chamados de “cartas de amor” — meras promessas. Ao participar deste jogo e aceitando como garantia reclamações sobre outros bancos islandeses, o Banco Central foi conivente na estratégia dos bancos de jogar para conseguir a ressurreição.

Então os bancos internacionalizaram o processo: os Três Grandes abriram subsidiárias com sede em Luxemburgo e venderam cartas de amor para elas [as subsidiárias]. As subsidiárias vendiam por sua vez ao Banco Central do Luxemburgo ou ao Banco Central Europeu e recebiam dinheiro vivo em troca, que poderiam passar de volta para o banco-sede na Islândia ou usar elas mesmas. A Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) calcula que apenas as cartas de amor domésticas, entre o Banco Central da Islândia e os bancos islandeses, causou prejuízos ao CBI e ao Tesouro de 13% do PIB (OECD Economic Surveys: Islândia, junho de 2011).

Colapso financeiro

Os bancos islandeses caíram duas semanas depois do Lehman Brothers. Em 29 de setembro de 2008, o Glitnir aproximou-se de Oddsson no Banco Central para ajudar no combate ao problema de liquidez que estava a caminho. Para restaurar a confiança, Oddsson instruiu o Banco Central a comprar 75% das ações do Glitnir. O resultado disso não impulsionou o Glitnir, mas, ao contrário, minou a confiança na Islândia.

A classificação de risco do país afundou, e linhas de crédito foram retiradas do Landsbanki e do Kaupthing. Deu-se início a uma corrida às agências do Icesave no exterior. Oddsson adiantou-se, em 7 de outubro de 2008, e buscou indexar a krona [coroa islandesa] a uma cesta de moedas com um valor próximo ao período pré-crise. Com a moeda caindo e na ausência de controles de capital, as reservas cambiais foram exauridas: a indexação durou só algumas horas, tempo suficiente apenas para que aqueles a par da situação trocassem suas kronas por outras moedas com uma taxa muito mais favorável.

Fontes internas indicam que bilhões deixaram a moeda nessas horas. Em seguida, a krona flutuou, e afundou. Em 8 de outubro, o então primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, congelou os ativos do Landsbanki no Reino Unido com o apoio legal das leis anti-terrorismo. O mercado de ações, títulos bancários, valores imobiliários e o rendimento médio entraram em queda-livre.

O FMI chegou em Reykjavik em outubro de 2008 para preparar um programa de gestão de crise. Esta foi a primeira vez que o FMI havia sido chamado para resgatar uma economia desenvolvida desde a Grã-Bretanha em 1976. Ele ofereceu um empréstimo condicional de 2,1 bilhões de dólares para estabilizar a krona e apoiou as demandas dos governos britânico e holandês de que a Islândia deveria honrar duas obrigações junto ao Fundo de Garantia de Depósito Europeu e recompensá-los por suas operações de resgate aos depositantes do Icesave.

A população normalmente calma da Islândia entrou em erupção em um irado movimento de protesto, dirigido principalmente a Haarde, Oddsson e ao IP, embora ministra das relações exteriores Ingibjörg Gísladóttir, do SDA, também tenha sido foi considerada culpada. Milhares de pessoas reunidas na principal praça de Reykjavík – nas tardes congelantes de sábado entre outubro de 2008 e janeiro de 2009 – bateram panelas e abraçaram o edifício do parlamento para exigir a renúncia do governo, e alvejaram o prédio com comida.

Em janeiro de 2009, a coalizão IP-SDA se rompeu. Até agora, a Islândia é o único país a ter mudado claramente para a esquerda após a crise financeira. Um governo interino SDA-LGM (Social Democratas-Movimento Verde de Esquerda) foi formado em janeiro de 2009 para conduzir o país até as eleições em abril. Nas eleições, as cadeiras do IP foram reduzidas a 16. Apesar do favorecimento esmagador do sistema eleitoral em seu favor, este foi o pior resultado do IP desde a sua formação em 1929.

A rejeição da dívida do Icesave

O governo SDA-LGM veio à luz sofrendo uma pressão imediata para que pagasse a dívida Icesave; grande parte do empréstimo do FMI foi retida até que Reykjavík concordasse em pagar. O novo governo também se dividiu sobre a possibilidade de se candidatar a membro pleno da UE e da Zona do Euro, com maioria SDA fortemente a favor. Em outubro de 2009, após longas negociações, o governo apresentou ao parlamento a proposta a que tinha chegado em relação a dívida Icesave: 5,5 bilhões de libras esterlinas (7,8 bilhões de dólares), ou 50% do PIB da Islândia, seriam pagas aos cofres britânicos e holandeses entre 2016 e 2023.

Em protesto, o Ministro da Saúde renunciou e cinco dissidentes se recusaram a votar com o governo. O projeto de lei foi aprovado forçadamente no dia 30 de dezembro de 2009, contra a vontade da população. Em 5 de Janeiro de 2010, o  Presidente Grímsson anunciou que não iria assinar a lei, por respeito a vontade da população. No referendo que se seguiu, o projeto de lei foi decisivamente rejeitado.

Nas eleições municipais Reykjavík, em maio de 2010, a SDA caiu para 19% e um comediante foi eleito prefeito da cidade. Em outubro, os protestos recomeçaram, e a coalizão concordou em realizar eleições para uma assembleia constituinte com o objetivo de elaborar uma nova constituição (a então existente fora herdada da Dinamarca na época de sua independência em 1944). Quando a eleição foi invalidada pela Suprema Corte, a assembleia foi reconvocada como um conselho constitucional nomeado pelo parlamento.

O acordo na mesa neste segundo referendo sobre o Icesave, em abril, envolveu concessões substanciais por parte dos governos britânico e holandês. Após a votação pelo ‘não’, o desacordo pode ter que ir aos tribunais internacionais.

A crise adiada

O custo das perdas em empréstimos e garantias, adicionado ao custo da reestruturação das organizações financeiras, traz o total de custos diretos da crise fiscal para cerca de 20% do PIB – maior do que em qualquer outro país com exceção da Irlanda (OECD Economic Surveys, Islândia, junho de 2011). Mas o adiamento de grandes cortes nos gastos públicos até este ano deu à economia um tempo para respirar, e a forte desvalorização ajudou a gerar um superávit comercial pela primeira vez em muitos anos.

Até agora, a Islândia sofreu quedas no PIB e nas taxas de emprego menores que países com grandes cortes em gastos públicos, tais como a Irlanda, Estônia e Lituânia. A taxa de desemprego, de apenas 2% em 2006, tem oscilado entre 7% e 9% desde 2009, mas a taxa de emigração, de islandeses e outros trabalhadores europeus (predominantemente poloneses), foi a maior desde 1889. No entanto, o governo SDA-LGM anunciou cortes drásticos nos gastos públicos para 2011 e além. Governos locais não têm orçamento para novos projetos. Hospitais e escolas estão cortando salários e demitindo funcionários. O congelamento das ações de despejo expirou em 2010.

Finanças no volante

A decisão do governo IP-SDA de fornecer garantias ilimitadas de depósitos bancários ilustra a sua dívida para com a elite financeira. Se tivesse limitado a garantia a 50 milhões de kronas (70 mil dólares), ele teria protegido os depósitos de 95% dos depositantes. Apenas os 5% mais ricos, incluindo muitos políticos, beneficiaram-se da garantia ilimitada, o que significa agora mais restrições nos gastos públicos.

A reduzida escala da Islândia parecia tornar mais fácil desafiar a negação do governo de que havia uma crise iminente, mas o oposto também era verdade. O governo Oddsson realizou uma privatização extrema da informação. O Instituto de Economia Nacional da Islândia tinha a reputação de uma instituição com pensamento independente, e Oddsson acabou com isso em 2002. A partir de então, os bancos, agências internacionais de classificação de risco e a Câmara de Comércio foram praticamente a única fonte de informação e comentários sobre o estado da economia, presente e futuro.

Paradoxalmente, uma série de relatórios críticos foram publicados quando a bolha estava em seus estágios iniciais, incluindo um do CBI. Mas, por volta de 2007-08, quando havia perigos muito sérios, os relatórios, incluindo os do FMI, tornaram-se visivelmente mais suaves no tom. Parece que as instituições financeiras oficiais, bem como banqueiros e políticos, entenderam que a situação era tão frágil que bastaria falar dela para desencadear uma corrida aos bancos.

Em outubro de 2010, o parlamento decidiu indiciar o primeiro-ministro Haarde por violação de responsabilidade ministerial. O secretário permanente de finanças Baldur Gudlaugsson (ex-membro do grupo “Locomotiva”) foi sentenciado a dois anos de prisão por usar informações privilegiadas para a sua vantagem pessoal ao vender suas ações do Landsbanki, em setembro de 2008. Mas o promotor especial encarregado da investigação dos bancos já trabalha há 2 anos com uma equipe de 60 advogados e outros profissionais e até agora formalizou nenhuma acusação.

Enquanto isso, Oddsson foi nomeado em setembro de 2009, como editor-chefe do Morgunblaðið, principal jornal impresso na Islândia, e orquestrou a cobertura da crise. Um comentarista disse que isso seria o mesmo que nomear Nixon editor do Washington Post após Caso Watergate. A elite da Islândia sabe tomar conta dos seus.

Notas:

(1) World Database of Happiness (‘Banco de dados mundial da felicidade’), 2006: http://worlddatabaseofhappiness.eur.nl

(2) Na oposição estão o Partido Social-Democrata e, mais à esquerda, o Partido do Povo.

(3) Stefán Ólafsson e Arnaldur Sölvi Kristjánsson, “Income Inequality in a Bubble Economy: the Case of Iceland 1992-2008”, trabalho apresentado na Luxemburg Incomes Study Conference, 28 a 30 de junho 2010; http://www.lisproject.org/conferenc…

(4) Hannes Gissurarson, “Miracle on Iceland”, The Wall Street Journal, New York, 29 de janeiro de 2004.

(5) Danske Bank, “Iceland: Geyser Crisis”, Copenhagen, 2006.

(6) Arthur Laffer, “Overheating is not dangerous”, Morgunblaðið, Reykjavik, 17 de novembro 2007.

Robert Wade é professor titular de economia política da London School of Economics; Silla Sigurgeirsdottir professora de políticas públicas da Universidade da Islândia. Esta é uma versão atualizada do artigo “Lessons from Iceland”, publicado pela primeira vez no New Left Review, London, setembro/outubro de 2010.

* O Viomundo recomenda fortemente que nossos leitores assinem o Le Monde Diplomatique, aqui (em inglês) eaqui (em português).

**Pedro Germano Leal é o novo tradutor do Viomundo. É também escritor e pesquisador. Atualmente, é doutorando em teoria literária e cultura visual na Universidade de Glasgow (Escócia), sendo representante de pós-graduação do Centre for Emblem Studies. É professor de língua portuguesa, tradutor e intérprete do University of Glasgow Language Centre. Foi professor de língua latina e argumentação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Mais uma caminhada.

Mais oxigênio, mais vida.

Conversas, companhia. Palavra-poema-iluminada: companhia. Cia.

Sair do sofá é uma luta. Sair do PC é outra guerra.

Mas a gente sai.

A esteira da Jaqueira é estonteante.

É esta a minha luta.

Pergunto a meu filho: – tens visto teus amigos?

Pouco pai. Quantas vezes no mês. Uma ou duas. O tempo.

Rimos.

Bastante.

Vá lá, chama a turma. Leva a viola. Aproveita.

Imagina se existisse uma esteira virtual e esta nossa caminhada tivesse sido feita em casa?

Deu efeito.

Vamos dar um pulo ali na esquina só para um velho “baurú” com coca. Uns papos. Família.

Assim seja com os amigos.

Os teclados. Bem que venham os teclados musicais. Principalmente.

Que este agora , agorinha mesmo, é importante demais.

Mas não é vital.

Fico aqui desejando a todos um belo final de noite, sem o Cansástico e com a boa música eterna de Tom Jobim.E uma semana cada vez melhor, cada dia com mais saúde, paz, mobilidade, suavidade, luz e um trabalho abençoado.
Cantando a música que me ajudou a quebrar o gelo algumas eras dinossauricas atrás:

 

Espero que apreciem os 73 anos de bom humor do Fernando.

 

Nâo gostaria de escrever neste Domingo algo que fosse mais denso que uma folha de papel. Mas , vai ter de ser. Na tora. Vambora:

Semana que teve três saídas da toca, cada uma tão boa e com um sabor tão único que tangencio para o assunto das redes sociais.

Como explicar:

Qual é  o diálogo interno de uma criança de 10 anos com uma arma na mão apontada para sua cabeça depois de disparar contra a sua professora?

Como se formaram os laços da sua família?

Nâo encontrei explicação que me tirasse o assombro!

Uma senhora, muito querida , atreveu-se a dizer: – a culpa são desses jogos, da Internet, as crianças estão vivendo muito mais o mundo virtual… blá blá blá.

Perdoe-me senhora. Muito me gusta usted pero… vou discordar, humildemente:

Pai é exemplo. Mãe é exemplo. E corações são exemplos. Vidas exemplos!

Não será isso muito maior do que uma realidade virtual que aparentemente incontrolável, ensadescida, nos invade os lares e nos rouba nossos filhos? Rouba mesmo?

Será que o testemunho do diretor (com olheiras imensas e olhar triste e cansado) do colégio onde minhas filhas estudam e eu e Daniel também estudamos , não é digno de registro. Vejam:

– Eu expulso os alunos que ultrapassam os limites. Todos os limites. Os pais entram com mandado de segurança e eu tenho de readmití-los. Os professores tem medo dos alunos , pois os pais entram com ações de danos morais. Um “figurão”  discutiu com o zelador da escola forçando o filho que chegara atrasado a entrar à força. Humilhou o funcionário com uma violência verbal quase como uma arma, uma AR-15.

Não é algo simbólico, expressivo e preocupante?

“O Poder Supremo tornou-se o Poder Judiciário”. Tenho medo desta frase!

Através de um Advogado, ou eu mesmo sendo uma Autoridade, eu faço os meus filhos quebrarem todas as regras. Eles não sabem lidar com frustrações. Nem seus pais. Então vamos passando por cima de todo mundo. E no final sabemos como termina tudo isso.

Nâo é a toa que li no blog Acerto de Contas que o Brasil tem mais cursos de Direito do que o resto do mundo. Pensei na China com 1,5 bilhões de pessoas. É imaginável. E não define a frustração.

Ontem, uma família querida e parentes da minha esposa, nos recebeu para comemorarmos os 77 anos de Dona Lena. Leninha.

Família que torce pelo Sport. Menos uma filha que é Alvirrubra.

O que menos se falou foi futebol. A vida foi compartilhada. A gratidão servida. A conversa boa. E até lugar para o futebol houve. Uma Paella Multicultural. Toitiço!

E o respeito honesto, limpo, com as habituais mangações tinha de existir, que ninguém é santo.

Mas voltei prá casa com uma sensação de que perdi muito tempo da minha vida comemorando e sofrendo por um clube de futebol,Isso é como se perdido o tempo eu tenha de lidar com a frustração de que não tenho como recuperá-lo. Difícil.

E fico imaginando quem coloca armas nas mãos dos jovens das torcidas organizadas não é muito diferente do pai que com uma arma em casa, comete o descuido e possibilita uma tragédia. Que violência é essa que me faz agredir um estranho mesmo depois do meu time haver ganho o jogo? Eu fui mesmo para o jogo?

Todos nós estamos envolvidos no combate a arrogância, a prepotência, a falta de humildade. Mas principalmente, se estamos deixando filhos com inteligência emocional para lidar com as derrotas da vida, não teremos passado em vão nesta meteórica existência.

Nâo teremos escrito cartas em vão. Discursos em vão. Poemas em vão.

Não teremos trabalhado em vão. Noites em claro. Vidas forjadas no calor que derrete o mais duro aço.

Nada disso terá sido em vão.

E principalmente não morreremos de frustração, pois sabemos como lidar com ela. A sabedoria vem com muita paciência, muito esforço, muita dor. Mas a satisfação que nos recebe quando a paz enfim nos faz morada, vale a pena.

Pelas  nossas crianças, trabalhemos as nossas frustrações , pois só assim quando elas forem adultas e nós entrarmos na idade da pausa, da valsa, da contemplação, poderemos nos preparar para a descida na Grande Estação.

E nossa bagagem estará leve. Pois o nosso jugo será compartilhado pelo nosso Criador que nos perguntará:

– Você amou nesta vida? Encontrou a Alegria? Fez alguém Feliz? Compartilhou sua Alegria?

– Eu não quero saber o saldo da sua conta bancária, seus bens , seus inventários. Lá na Terra há quem cuide. Agora é que são elas…

 

PS – Em memória de meus pais que me ensinaram o que os pais dos meus amigos e irmãos aprenderam dos seus : Esta vida é só um ensaio, um acorde, um sîlêncio entre duas notas dentro de uma Sinfonia Infinita. Nâo desafinemos ora pois. Meu pai que esperou mais de uma década por um Precatório e não recebeu. Nem por isso morreu frustrado. Embora tenha caminhado ao lado dela.  Deve estar alegre por ajudar os netos e os filhos. Em homenagem aos meus amigos vivos aqui e agora, pois não há tempo para o depois. Quero a vida do jeito que esta manhã se anuncia: um azul estonteante, uma cidade que surpreende, que renasce do caos e convida para a festa. E mesmo diante dos engarrafamentos nossos de cada dia não nos dai hoje, possamos suportar a quase impossível tarefa da frustração ao volante. E que nossos carros não sejam uma arma…

PS II – Passei ontem de tarde na Jaqueira com Ana e Daniel e não vislumbrei o ajuntamento dos Poetas. Será que cheguei atrasado? Se houve a celebração dos aniversário dos poetas aí vai o meu abraço e as minhas escusas pelo atraso. Haveremos de nos encontrar em Outubro. Mês das crianças. Mês dos Poetas. E dessa vez Gabi e Bela espero que estejam também conosco num único Poema.

(*) O “baixinho” Kuki participando da campanha “Arma nem de Brinquedo” (foto do DP de 27/05/2011), fala mais do que se eu escrevesse mil posts.

Dois Séculos

 

Eu te conheci

antes mesmo das palavras

que um dia

iam virar versos.

Eu, te perdi

antes mesmo de achar

o lugar onde meu coração se espraiava.

Tão generosos os dias

 Tão longas as noites,

 Emagreci,

mudei roupas e rosto,

em mim um novo homem.

Perdi a luta para um amor amorfo,

na festa do dia em que fizemos anos

na noite em que te disse adeus,

nas cartas que guardei,

 pura teimosia.

A poesia dos poetas menores

é sempre um conformar-se pelo que poderia ter sido,

a poesia atrevida não enxerga, é míope,

ela faz no seu ritmo a culpa se dissolver

como se não bastasse o talento,

fosse preciso demonstrá-lo.

Este amor foi encantado e durou pouco,

os dias foram passando e quase sem dor

eu me vi de novo a caminhar pela terra;

 amar só faz bem,

é assim que só agora, dois séculos depois

eu consigo te dizer obrigado…

 

 BERRY GORDY JR.

A cidade de DETROIT-Michigan tinha poucas opções à oferecer aos seus “nativos”, em se tratando de oportunidades de trabalho, especialmente para uma família negra, pobre, composta por 8 irmãos ( e os pais), além de empregos na indústria automotiva. Não por acaso, Detroit já era conhecida como a “Motor Town” (cidade dos motores).

Nascido no ano de 1929, na juventude Berry Gordy pensou em ser pugilista mas ao concluir o “high scholl” foi convocado para lutar na “Guerra da Coréia”.Dois anos depois, de volta à sua cidade, resolveu casar-se e abrir uma loja de discos financiada por seu pai com 700 dólares, especializada em jazz. A 3-D Record Mart (nome da loja) quebrou em apenas 2 anos e em 1955 lá estava Berry ralando no setor de cromagem da Ford. As horas vagas, dedicava à sua paixão pela música, compondo com a irmã e participando de concursos e competições musicais até que sua “REED PETITE” chegou à ser lançada em disco na voz de Jackie Wilson e, se não teve retorno de público e crítica, motivou Berry à largar tudo e encarar o sonho musical.

Resolvido à tornar-se “produtor independente”, saiu à caça de talentos em sua região e descobriu um grupo chamado The Miracles, liderado por um cantor que impressionou-o de cara: um tal Smokey Robinson. Berry produziu 2 discos para o grupo que foram lançados por uma gravadora de Nova York sem muito sucesso. Mas não demorou à perceber o porque de duas ótimas canções, interpretadas brilhantemente, não cairem nas “graças” dos DJs nem dos ouvintes: faltava divulgação e empenho por parte da gravadora. Certificou-se de que para os grandes “selos”, que já tinham em seus elencos Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Nat King Cole e Chuck Berry, a gente “de cor” não teria mais, muito o que oferecer. Por isso, apenas lançavam umas poucas cópias dos discos e ficavam esperando que algum “milagre” fizesse ao menos um daqueles novatos acontecer.

E foi justamente Smokey que o incentivou à criar sua gravadora. Mais uma vez Berry recorreu à família (800 dólares) e fundou sua TAMMY RECORDS em 12 de janeiro de 59. Um selo essencialmente dedicado à música negra, não por preconceito e sim porque as gravadoras não conseguiam (ou rejeitavam mesmo) registrar os timbres, o verdadeiro “espírito” do novo som que os artistas negros faziam na época. Berry Gordy até criou uma espécie de “banda da casa” permanente, para acompanhar seus contratados e não poupou esforços para pacientemente descobrir e revelar os talentos que proliferavam na região. Gente que ralava em botecos, clubes vagabas, igrejas e nas escolas modestas de música. Ainda nesse tempo, por conta de direitos trocou o nome de sua gravadora para TAMLA-MOTOWN e pouco depois para simplesmente MOTOWN RECORDS.

Desde os primeiros estouros com SMOKEY ROBINSON AND THE MIRACLES a Motown foi ganhando credibilidade e sucesso, exatamente porque Berry Gordy tinha na alma (e nos ouvidos) a marca que queria imprimir naqueles discos: os desenhos das cordas, os ataques dos sopros, as cores da bateria e claro,os balanços do baixo. E o estilo ficou conhecido como “SOUL MUSIC” que, mesmo na efervescente Swinging London era aclamado como “O Som da Motown” (Stones, The Who, Beatles e Clapton que o digam).

Pois é amigos, se uma gravadora fora do eixo Los Angeles-Nova York ficou tão conhecida e respeitada como não apenas um selo, mas  um estilo (eu não lembro de outra) , teria de haver “alguém” por trás de tanta competência para descobrir artistas imprescindíveis como,entre outros: Martha and The Vandellas,The Four Tops,Smokey Robinson and The Miracles,Diana Ross and The Supremes,The Temptations,Rick James,Isley Brohers,Lionel Richie,The Jackson Five,Michael Jackson,Marvin Gaye e Stevie Wonder. O “alguém” chama-se BERRY GORDY JR.

Perto de se aposentar, Gordy vendeu a gravadora à MCA por 61 milhões de dólares e esta a repassou para a POLYGRAM por 325 milhões.Berry Gordy Jr continua curtindo sua aposentadoria (tem hoje 82 anos, 2011) e certamente,sua aposentadoria precipitou a saida de várias estrelas da gravadora  (alguns se foram e outros estão na ativa) e enfim chegaram o rap e o hip-hop (argh!). DETROIT ? Continua conhecida como a MOTOR TOWN ou se preferir, MOTOWN.

A CHINA VAI QUEBRAR O MUNDO

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Há 200 anos Napoleão Bonaparte fez uma profecia, que está começando a
realiza-se atualmente, ao dizer:

“Deixem a China dormir porque, quando ela acordar, o mundo vai  estremecer”.

JÁ PENSOU COMO FICARÁ A CHINA DO FUTURO?

Por Luciano Pires  (Luciano Pires é diretor de marketing da Dana e
profissional de comunicação) .

Alguns conhecidos voltaram da China impressionados. Um determinado produto
que o Brasil fabrica um milhão de unidades, uma  só fábrica chinesa produz
quarenta milhões…

A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reação é impressionante.
Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas… Com
preços que são uma fração dos praticados aqui. Uma das fábricas está de
mudança para o interior, pois os salários da  região onde está instalada
estão altos demais: 100 dólares: Um operário brasileiro equivalente ganha
300 dólares no mínimo, que  acrescidos de impostos e benefícios representam
quase 600 dólares.. Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que
recebem  praticamente zero benefícios…. estamos perante uma escravidão
amarela e alimentando-a…

Horas extraordinárias? Na China…? Esqueça !!! O pessoal por lá é tão
agradecido por ter um emprego que trabalha horas  extras sabendo que não vão
receber nada por isso… Atrás dessa “postura” está a grande armadilha
chinesa.

Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia “de
poder” para ganhar o mercado ocidental.

Os chineses estão tirando proveito da atitude dos ‘marqueteiros’
ocidentais, que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que
ela “agrega de valor”: a marca.

Dificilmente você adquire atualmente nas grandes redes comerciais dos
Estados Unidos da América um produto “made in USA”. É tudo “made in China”,
com rótulo estadunidense.

As Empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e
vendendo por centenas de dólares…

Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço.
Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego. É o
que se pode chamar de “estratégia preçonhenta” (preço com peçonhento).

Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a
China assimila essas táticas e tecnologia, cria unidades produtivas de alta
performance, para dominar no longo prazo.

Enquanto as grandes potências mercadológicas que ficam com as marcas, com os
designes… suas grifes, os chineses estão ficando com a produção,
assistindo,estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos
parques industriais ocidentais.

Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados
pelo mundo ocidental. Só haverá na China.

Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus
preços, gerando um “choque da manufatura”, como aconteceu com o choque
petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde demais. Então o mundo
perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e irá
render-se ao poderio chinês.

Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo.

Dragão este que aumentará gradativamente seus preços, já que será ele quem
ditará as novas leis de mercado, pois quem tem o monopólio da produção,
manda.

Sendo ela e apenas ela quem possuirá as fábricas, inventários e empregos é
quem vai regular os mercados e não os “preçonhentos”.

Iremos, nós e os nossos filhos, netos… assistir a uma inversão das regras
do jogo atual que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba
atômica… Chinesa. Nessa altura em que o mundo ocidental acordar será muito
tarde.

Nesse dia, os executivos “preçonhentos” olharão tristemente para os
esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando
boliche no clube da esquina, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques
fabris desmontados.

E então lembrarão, com muitas saudades, do tempo em que ganharam dinheiro
comprando “balatinho dos esclavos” chineses, vendendo caro suas
“marcas-grifes” aos seus conterrâneos.

E então, entristecidos, abrirão suas “marmitas” e almoçarão as suas marcas
que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas, pois,
foram todas copiadas….

REFLITAM E COMECEM A COMPRAR – JÁ – OS PRODUTOS DE FABRICAÇÃO NACIONAL, FOMENTANDO O EMPREGO EM SEU PAÍS, PELA SOBREVIVÊNCIA DO SEU AMIGO, DO SEU VIZINHO E ATÉ MESMO DA SUA PRÓPRIA… E DE SEUS DESCENDENTES.

 

 

A conversa é sempre a mesma:

Não tenho tempo de ver meu amigos. Aquelas pessoas que eu digo que amo na Internet, mas que passo um ano, dois anos sem ver e assim mesmo digo que amo que sou amigo e que a vida é assim mesmo. Não temos como controlar o tempo. O tempo é que nos controla.

O tempo. Culpado.

Condenado.

Nós nos absolvemos das nossas  covardias.

Ah!!! Tem sempre a defesa. O Habeas Corpus. Não temos tempo!!!

É longe onde você mora.

 O trânsito. Nâo dá.

É não dá.

Melhor ficar atrás de um teclado.

O Universo cabe melhor na tela do computador.

Nem sei quantas vezes usei o back-space.

Conhaque do bom.

Cheguei agora em casa.

Faltei ao compromisso filial, não, paternal. Só Daniel estava acordado. Ana no plantão.

As meninas no sonho.

Mas, como pai, tenho direito a uns conhaques em plena quarta-feira.

E quantos back-spaces a vida me permitir.

Só não quero sair da gaiola agora. Nada de negociar com a morte.

Nem nada parecido.

Apenas encontrei meu sobrinho que mora em Natal.

Meu primo Geraldo que mora aqui em Recife.

E resolvemos tomar umas geladas.

Simples.

Não substituo esse aforisma por nenhuma torre de babel de nada.

Nenhum livro.

Destilamos foi conversas.

Abraços.

Apertos de mãos.

Prá mim a vida é isso.

O resto é apenas a distância entre o próximo encontro.

Que a gente preenche é na Internet.

Que é o imenso vazio/cheio da nossa falta de tempo. Intencional.

 

PS – A régua que absolve é a mesma que diz: viva o telefone móvel. Vivam as cartas. Acredito nisso mesmo. Mas  nada absolve o olho no olho… Uma pena… Uma pena mesmo.

Vamos em frente. Até quando a gaiola abrir

(*) Movimento organizado pela Internet. São 594 vassouras pintadas de verde e amarelo simbolizando o nosso magnânimo Congresso Nacional.

Quando vamos invadir o Brasil ao som do Vassourinhas?

Recebi este conteúdo através de e-mail enviado por minha querida poeta Ana Luiza. Não é SPAM. É poesia. É gesto político. Falta transformar-se em ATO POLÍTICO. Pensamos bem, precisamos agir melhor. É disso que eu falo. CADÊ A NOSSA MARCHA CONTRA A CORRUPÇÃO?

Todos os ”governantes” do Brasil até aqui, falam em cortes de despesas – mas não dizem quais despesas – mas, querem o aumentos de impostos como se não fôssemos o campeão mundial em impostos.

 Nenhum governante fala em:

1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, 14º e 15º salários etc.) dos poderes da República;

2. Redução do número de deputados da Câmara Federal, e seus gabinetes, profissionalizando-os como nos países sérios. Acabar com as mordomias na Câmara, Senado e Ministérios, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do povo;

3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego;

4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de reais/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.

5. Acabar com o Senado e com as Câmara Estaduais, que só servem aos seus membros e aos seus familiares. O que é que faz mesmo uma Assembleia Legislativa (Câmara Estadual)? 

6. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? E como não são verificados como podem ser auditados?7. Redução drástica das Câmaras Municipais e das Assembléias Estaduais, se não for possível acabar com elas.

8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas atividades; Aliás, 2 partidos apenas como os EUA e outros países adiantados, seria mais que suficiente.

9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc.., das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;

10. Acabar com os motoristas particulares 24 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias… para servir suas excelências, filhos e famílias e até, as ex-famílias…

11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado;

12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.;

13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados e respectivas estadias em  em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes;

14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós que nunca estão no local de trabalho). HÁ QUADROS (diretores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE CONSULTORIAS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES….;

15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir aos apadrinhados do poder – há hospitais de cidades com mais administradores que pessoal administrativo… pertencentes Às oligarquias locais do partido no poder…

16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar;

17. Acabar com as várias aposentadorias por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo LEGISLATIVO.

18. Pedir o pagamento da devolução dos milhões dos empréstimos compulsórios confiscados dos contribuintes, e pagamento IMEDIATO DOS PRECATÓRIOS judiciais;

19. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os ladrões que fizeram fortunas e adquiriram patrimônios de forma indevida e à custa do contribuinte, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente “legais”, sem controle, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efetivamente dela precisam;

20. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efetivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida;

21. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.

22. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu patrimônio antes e depois.

23. Pôr os Bancos pagando impostos e, atendendo a todos nos horários do comércio e da indústria.

24. Proibir repasses de verbas para todas e quaisquer ONGs.

25. Fazer uma devassa nas contas do MST e similares, bem como no PT (Partido dos Trambiqueiros) e demais partidos políticos.

26.REVER imediatamente a situação dos Aposentados Federais, Estaduais e Municipais, que precisam muito mais que estes que vivem às custas dos brasileiros trabalhadores e, dos Próprios Aposentados.

27. REVER as indenizações milionárias pagas indevidamente aos “perseguidos políticos” (guerrilheiros).

28. AUDITORIA sobre o perdão de dívidas que o Brasil concedeu a outros países.

29. Acabar com as mordomias  (que são abusivas) da aposentadoria do Presidente da República, após um mandato, nós temos que trabalhar 35 anos e não temos direito a carro, combustível, segurança ,etc.

30. Acabar com o direito do prisioneiro receber mais do que o salário mínimo por filho menor, e, se ele morrer, ainda fica esse beneficio para a família.  O prisioneiro deve trabalhar para receber algum benefício, e deveria indenizar a família que ele prejudicou.

31. Acabar com “assessores” de parlamentares do Congresso que moram em outros Estados sem nada fazerem a não ser dar carteiradas no trânsito.

32. Revisão imediata dos salários do judiciário e os seus pagamentos extraordinários a títulos inventados e só para eles.

33- Acabar com a possibilidade dos juízes contratarem parentes e amigos.

34. Ao final de cada mandato parlamentar verificação compulsória das contas correntes dos políticos e responsabilização por transações de valores incompatíveis com os salários.

 

PS I – Parece utopia?

PS II – Nós colocamos os políticos no lugar em que eles estão. Através do nosso voto. Mais óbvio nem Nelson Rodrigues diria, que dirá eu. Mas, o fato é que podemos tirá-los de lá ou pelo menos sacudí-los da zona de conforto.

Frase do Ano!

Publicado: 19/09/2011 em Brasil mostra a tua cara!

    FRASE TRISTE DO DIA – SAIU NO JORNAL ESPANHOL “EL PAÍS”.

 

“Que país é este que junta milhões numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção?”

(07/08/2011 Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol El País)

 

 
  
 
 

 

Eu não concordo com a descida dos corações amantes à terra dura.

Assim é, será e foi desde tempos imemoriais: eles seguem pelas trevas, os sábios e os belos.

Coroados de lilases e de louros, eles partem; mas eu não me conformo.

Amantes e pensadores, contigo, dentro da terra, transformados na poeira morna e cega. Um fragmento do que tu sentias, daquilo que tu sabias, uma fórmula, uma frase apenas restou – mas o melhor está perdido.

As respostas rápidas e vivas, o olhar honesto, o riso, o amor – estes partiram.

Partiram para alimentar as rosas. Os botões serão meigos, elegantes e perfumados.

Eu sei. Mas eu não aprovo. Mais preciosa era a luz em teus olhos que todas as rosas do mundo.

Fundo, fundo, fundo na escuridão da cova, docemente, os belos, os ternos, os bons, calmamente eles descem, os inteligentes, os espirituais, os bravos.

Eu sei. Mas não estou de acordo. E eu não me conformo.


Edna St Vincent Millay, traduzido por Roberto Freire.

 

 PS – Esta seria a minha prece se eu pudesse dizê-la na hora da minha ida. Mas gostaria, caso algum amigo possa fazê-lo, de tê-la junto a mim na hora em que preciso for, pois muitos já se foram e eu também não estou de acordo e não me conformo.

                                        G E R A L D O    M A I A

Certamente eu não sou a pessoa mais indicada para comentar sobre GERALDO MAIA. Mas vou faze-lo (e ele há de me perdoar por isso). Vou escrever o pouco que eu sei (sim,eu visitei o site http://www.geraldomaia.com.br) mas não vou me ater a detalhes biográficos. Mesmo porque, Geraldo é daqueles artistas que se revelam mais espontaneamente através de sua arte. Nesse caso,a música. Apesar de conhece-lo desde 1970, praticamente a gente nunca parou para conversar tranquila e pacientemente. Nossos encontros sempre foram fortuitos (ao menos a maioria), em bastidores, lançamentos ou algumas celebrações. Breves conversas telefônicas nos anos 80.Fitas K-7 prá lá e prá cá. Mas nesse Sábado Som beatlemaníaco (nome descaradamente afanado do primeiro programa de “clips” da Rede Globo), espaço generosamente cedido pelo coração do Domingão, eu não poderia deixar de compartilhar com os fusconautas o talento de Geraldo Maia nem que fosse apenas para afirmar que se trata de um dos melhores cantores brasileiros. Sem tirar nem por. Mais recentemente, tive notícias de seu disco autoral, Lundum, e sinceramente confesso que “ainda” não o ouvi e não posso comentar sobre suas criações embora, pelo seu “curriculum”, duvido que não sejam no mínimo boas canções.

Fomos colegas no glorioso Colégio Dom Bôsco na efeverscente Yellow House. O Dom Bôsco com suas “vigílias cívicas” puxa-saquistas que me rendiam sempre suspensões por não comparecimento, ou seus magníficos Grêmios Escolares que rendiam pontos no boletim  e desses, eu não me livrava. Lembro que fizemos, eu e um colega, uma apresentação com nossos violões desmantelando o repertório de Roberto Carlos e pasmém: fomos bem aplaudidos.No ano seguinte, levei minha banda de churrascaria e mandamos ver com Stones, Beatles e Creedence. Com o nosso inglês peculiar, botamos a moçada para dançar. Foi nesse período de violões e namoricos que Geraldo Maia, tímido, meio silencioso começou à se aproximar da gente. Parecia até ingenuamente deslumbrado e autenticamente interessado em música. Mas se mantinha sempre meio de banda, pelos lados. Fui embora para Boa Viagem.

Anos depois, a coisa se inverteu. Num daqueles típicos festivais do final dos anos 70, a gente se reencontrou e eu fiquei deslumbrado com a voz dele. Aliás, não só eu, mas o bando todo. Uau! Como o cara cantava! O que era aquilo ? Claro que eu não me contive e fui aos bastidores abraça-lo. Desde então, foi não foi, tinha oportunidades de ouvi-lo e não perdia. Geralmente em festivais, shows coletivos e que tais, lá estava Geraldo certamente sem a menor noção do quanto se agigantava num palco, ao microfone e sua arte preenchia o ambiente e sensibilizava a todos. E quanto mais o tempo passava mais ele melhorava. Outra característica que ele mantém desde aqueles tempos é a não afetação. Ele não coloca a canção à serviço de sua voz. Faz exatamente o contrário . Usa seu canto e os arranjos detalhados dos instrumentos para realçar a beleza da música. O mesmo se dá com relação à sua presença de palco. Ele é o que é. Seja num discreto banquinho ou sob a iluminação de um grande teatro, Geraldo atua com naturalidade. E convence!

Nos anos 80, iniciou uma parceria com Henrique Macedo que resultou em várias apresentações nos palcos de Recife e num disco cuidadosamente elaborado.Gravado por aqui mesmo e lançado de forma independente, CENA DE CIÚME foi bastante celebrado pelos iniciados mas passou batido pelas rádios locais e a gente sabe porque.De repente o homem sumiu. Cadê ? Terminei descobrindo que o Geraldo estava em Portugal, onde passou cerca de dez anos. Em 1999 cá estava de volta com o belo VERD’ÁGUA, a cara dele. Longe de modismos ou movimentos, todos os seus 8 CDs (contando com o mais recente,onde ele redescobre pérolas de MANEZINHO ARAÚJO) revelam um artista positivamente inquieto, que em cada novo trabalho mergulha com a alma no tema escolhido.Basta ouvir e percebe-se logo que ali não há obviedades (até o óbvio é novo, como ele cantando ROSA acompanhado de Yamandu em LISBELA E O PRISIONEIRO) mas o esmero,o carinho de um artista sincero e sempre… moderno.

 
GERALDO MAIA passeia por vários estilos. Somando tudo, seu repertório contempla compositores locais seus contemporâneos, gente das antigas e principalmente raridades pouco conhecidas. Já tem um público fiel que lota seus shows, compram seus CDs e na base do “boca-a-boca” (como eu,nesse modesto post) vai aumentanto devagar e sempre… no mesmo rítmo daquele bonito, tímido e simpático garoto que a gente conheceu lá longe, no Estadual Dom Bosco. E eu aposto que ele também não frequentava as “vigílias cívicas”.