Arquivo de setembro, 2009

Sabiá Futebol Clube

Publicado: 29/09/2009 em Poesia

sabiá clube

sabiá 2222

Uma parte de mim é Sabiá. Desde muito tempo. Nem sei quando.

Sabiá, apelido de colégio que pulou o muro e foi para a vida.

Até hoje, antigos colegas me encontram, ambos já embranquecidos cabelos:

e aí Sabiá?

E eu tento  achar dentro do velho corpo cinquentão, o menino-sabiá novamente.

Encontro o elo. A ligação. Desfio o novelo: Sabiá rascunhava poemas.

Sabiá sonhava com uma loirinha. Que nunca olhou para o pobre pássaro.

Passarinho que aprendiz até hoje, não esquece o primeiro caderno/livro,

que meu pai guardou até o final da sua vida bela.

Prosopopéias by Sabiá.

Era assim. No velho caderno que eu me encontro até hoje.

Com a mesma farda. O mesmo cabelo grande. Os mesmos sonhos.

É sempre bom criar pássaros em casa. Ter animais por perto da gente.

Melhor ainda é ter um Sabiá no coração.

 

PS- Para o meu amigo “canadense” Felipe Holder. Contemporâneo da era Sabiá.

Mural

Publicado: 29/09/2009 em Poesia

bebe e cachorroiniciativa inedita do hospitalentre criancas e animais

 

Eu acredito. Crianças são os nossos mestres. Milagres.

Cuidam do amanhã.

Animais são a fidelidade expressa. Em pelos, latidos, ruídos , alegria.

Ambos são a cor da vida. Sempre presenciei esses encontros com esperança.

Ao criar meus filhos. Esse espetáculo que realiza tanta gente.

Vi tantos amigos e amigas renascerem depois de um filho.

Vejo meu primo acolhendo vira-latas nas ruas. Sarando suas feridas. Os trazendo prá casa.

Em toda parte esse mural da humanidade aviva nossa parte sã. Nos encoraja.

Nos põe prá frente. É um sim gigantesco . Um olho do Universo sobre nós.

A nossa resposta a Deus. As nossas orações por nós mesmos.

Sim, sim , sim.

As nossas mãos parecem não ter fim. Enquanto pulsarem corações em tamanha harmonia,

sempre valerá a pena acordar e recomeçar tudo de novo.

Cassiano Ricardo

Publicado: 28/09/2009 em Poesia

 

O acusado

 

Quando eu nasci, já as lágrimas que eu havia
De chorar, me vinham de outros olhos.

Já o sangue que caminha em minhas veias pro futuro
Era um rio.
Quando eu nasci já as estrelas estavam em seus lugares
Definitivamente
Sem que eu lhes pudesse, ao menos, pedir que influíssem
Desta ou daquela forma, em meu destino.
Eu era o irmão de tudo: ainda agora sinto a nostalgia
Do azul severo, dramático e unânime.
Sal — parentesco da água do oceano com a dos meus olhos,
Na explicação da minha origem.
Quando eu nasci, já havia o signo do zodíaco.
Só, o meu rosto, este meu frágil rosto é que não
Quando eu nasci.
Este rosto que é meti, mas não por causa dos retratos
Ou dos espelhos.
Este rosto que é meu, porque é nele
Que o destino me dói como uma bofetada.
Porque nele estou nu, originalmente.
Porque tudo o que faço se parece comigo.
Porque é com ele que entro no espetáculo.
Porque os pássaros fogem de mim, se o descubro
Ou vêm pousar em mim quando eu o escondo.
 

 

 

O Catecismo da Conversão

Publicado: 28/09/2009 em Poesia

Maurício Dias

 A migração dos esquerdistas para a direita é uma trajetória comum na história republicana brasileira, embora não seja um fenômeno exclusivo do Brasil como é, por exemplo, essa curiosa fruta nativa da Mata Atlântica chamada jabuticaba.

 Os caminhos dessa conversão política são muitos. E não há problema que isso ocorra, principalmente, quando ex-comunistas, como o agressivo Roberto Freire, ou ex-guerrilheiros, como o delicado Fernando Gabeira, mudaram por acreditar que a democracia política é melhor. Melhor que qualquer autoritarismo que imaginaram melhor para viver.

 Agressivo e delicado são dois adjetivos usados intencionalmente para explicar aos que eventualmente não sabem que Freire e Gabeira usaram armas diferentes contra a ditadura militar brasileira. Agressivo era Gabeira que optou pela ação armada. Delicado era Freire que se lançou na oposição política.

 O ruim é quando esses ex-militantes de esquerda passam a servir à direita e se esquecem de todas as outras ideias nas quais acreditavam e pelas quais se batiam.

 Roberto Freire fundou o Partido Popular Socialista, que nada tem de socialista e, muito menos, de popular. No programa partidário exibido dias atrás, ele pontuou todo o roteiro das falas em oposição ao governo Lula. Atacou, por exemplo, a taxação de cadernetas de poupança acima de 50 mil reais, cuja finalidade, exposta pelo governo, é a de bloquear a utilização dos benefícios da poupança pelos grandes grupos de investidores que migraram das aplicações em virtude da queda nos juros.

 Um parlamentar do PPS, Fernando Coruja, com destaque no Congresso, atacou a proposta de Lula de consolidar as leis sociais e torná-las permanentes, como Getúlio Vargas fez com as leis trabalhistas. A entrevista do deputado foi publicada no mesmo jornal em que Lula deu uma entrevista de valor capital. Entre outras coisas, o presidente lembrou:

“Sou de um tempo de dirigente sindical que, quando a gente falava de salário mínimo, as pessoas já falavam logo de inflação. Nós demos, desde que cheguei aqui, 67% de aumento real para o salário mínimo e ninguém mais fala de inflação”.

Embora aliado de Freire, Gabeira segue por caminho diferente. Protegido pela importante capa do ambientalismo ele ataca com outro viés as regras fixadas pelo governo para a exploração do pré-sal. Ambos servem, hoje, à candidatura presidencial conservadora dos tucanos.

Aí é que o bicho pega. Um escritor português, o anarquista Manoel de Souza, tratou desse trânsito político, esquerda-direita, na Europa. “Muitos outros comunistas, maoístas e trotskistas (…) comeram na mesa dos condes e das marquesas, ou nos seus leitos, nas amenas praias mediterrâneas, em nome da reconciliação nacional e de um mundo melhor. Para eles, pelo menos.”

Alguém já disse que eles trocaram o desejo de salvar o mundo pelo oportunismo de salvar-se no mundo.

Sobre eles, o português Souza despejou uma velha e contundente expressão popular da língua portuguesa, não se referindo à mãe que os deu à luz, e sim à condição de oportunistas, “alguém em quem nunca se devia confiar nem deve confiar”.

A invenção não é mesmo nossa, mas, sem dúvida, há brasileiros dando grande contribuição para aperfeiçoar esse comportamento.

ANDANTE MOSSO

Para uma segunda

Publicado: 28/09/2009 em Poesia

 

Sapê uma casa de

 

 

 Mãos de uma mulher

 fizeram uma casa.

Apontam o céu…

Botas lhe cercam,

a mulher é forte

porém…

São três animais

fardados.

A casa, triste sina

parece balançar,

a mulher enfrenta

a ira injusta

dos que só tem

e nada tem,

Respiram

e deixam a casa

sem ar,

 a mulher,

sem vida.

E nós

sem voz.

O céu espera…

 

PS – Uma foto do site meio norte.com inspirou esse engasgo. Não sei onde está a mulher. Nem se o céu a acolheu. Os animais continuam…

Estava na mesa-redonda da Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Ouvi atentamente a palestra de Içami Tiba, colega de painel, que falou de modo elétrico, seguro e convincente.

É um orador no estilo de grande auditório, conciliando humor com exemplos.

Mas, em algum momento, ele disse: “A família é como uma empresa”.

E aquilo me incomodou profundamente. Aquilo me arrancou a audição.

“É na família que forjamos vencedores. Se os filhos não obedecem, não fazem nada, tem preguiça para qualquer coisa, não ficariam numa empresa, é o mesmo processo.”

Caso meu avô Leônida escutasse isso, soltaria um de seus xingamentos prediletos: “Vai catar coquinho e deixar de ser besta”.

A família não é uma empresa. Nem deve ser. Não vou demitir ninguém em casa. O pai ou a mãe não é o que queremos deles, mas o que eles podem oferecer.

Estou de saco cheio de ouvir que uma família deve trazer rentabilidade, organização e competência. A cobrança não fixa um lar.

Na minha residência, cada um tinha uma tarefa. Mas não era uma empresa, ou uma cooperativa. Não fui promovido. Não esperava cargos de confiança. Os irmãos me continuavam.

Quando fui demitido uma vez do serviço, expliquei para minha filha de 4 anos o que havia acontecido.

“O trabalho não me quis mais.”

Ela respondeu bem calma:

“São bobos, fique calmo, será meu pai sempre.”

Eu dependo de um lugar para falir na minha vida. Deixe-me ao menos a família.

Eu posso perder tudo, menos a família. A família é meu despertencimento, a adoração dos telhados, o avental no gancho da cozinha. Nem Deus, nem seus capatazes tiram aquilo que foi desejo. Podem subtrair minha memória, mas guardarei o desejo fora de mim. Em minha mulher.

A família é o único lugar que continuaremos vivendo sem a expectativa de acertar. Mente-se diante da agenda, não de um prato de comida. Precisamos de um espaço para falir, para errar e se debruçar em nossas fraquezas. Já tenho que ser funcional no emprego, no lazer, nas relações com os outros. E agora a sugestão é que trabalhemos também na família. Isso é exploração infantil, isso é jornada dupla, isso é transformar elos naturais em conexões automáticas.

A família depende de uma única coisa: a intimidade. E intimidade não é emprestada, intimidade é não pedir de volta.

A família é o único lugar que me permite ser verdadeiro. É o único reduto de autenticidade. Não vamos colocar a competição dentro dela. Ou encher os nossos filhos de horários e de obrigações para que não pensem bobagens. Eles carecem das bobagens para escolher seus caminhos. Ser ocupado não nos torna importantes; não nos torna responsáveis. Envelhecer é se desocupar para a amizade.

Quando pequeno, não fiz natação, não fiz inglês, não fiz informática, não fiz o raio-que-parta. Eu tinha o tempo livre depois da escola e jogava futebol com os colegas, roubava frutas e brincava na casa dos vizinhos. Voltava para a casa quando a mãe gritava: “tá na mesa!”. A infância é própria para a vadiagem. Quando iremos vadiar de novo?

Se a família é uma empresa, um dia os filhos vão pedir demissão, um dia o pai e a mãe vão se aposentar, um dia os tios vão pedir concordata, um dia o genro vai desviar recursos.

Na família, os laços são eternos e não provisórios como uma empresa. Família não é trabalho, família é experiência. E nunca haverá perdedores na família, mas irmãos e filhos e pais. Eles são a família, não um referencial de realização.

Essa exigência de sucesso na família implica em não aceitar os perdedores. O que são os perdedores senão os mais sensíveis à pressão? Por isso, famílias se assustam com os problemas e escondem filhos alcoólatras, drogados e doentes em clínicas. Sofrem com a cobrança pública. Temem a exposição de seus defeitos.

Família é ter defeitos, é ter fantasmas, é ter traumas. Frustração é não contar com uma família para se frustrar.

Família é compreensão, não um acordo.

Não temos que alimentar vergonhas de nossas vergonhas. Família é onde tiramos os sapatos e deitamos os casacos. Não promoverei reunião-almoço na minha sala. Não afastarei um parente pela malversação. Não solicitarei a restituição das mesadas. Não exigirei que minha filha escolha Medicina ou Direito pela estabilidade. Não condiciono minha paixão a resultados.

Um patrão nunca será um pai. Não procuro disciplinar meus filhos, o amor é a mais suave disciplina. E o abraço é a minha desordem.

Fabrício Carpinejar.

 O BURACO DO ESPELHO

 

o buraco do espelho está fechado

agora eu tenho que ficar aqui

com um olho aberto, outro acordado

no lado de lá onde eu caí

 pro lado de cá não tem acesso

mesmo que me chamem pelo nome

mesmo que admitam meu regresso

toda vez que eu vou a porta some

 a janela some na parede

a palavra de água se dissolve

na palavra sede,

a boca cede antes de falar, e não se ouve

 já tentei dormir a noite inteira

quatro, cinco, seis da madrugada

vou ficar ali nessa cadeira

uma orelha alerta, outra ligada

 o buraco do espelho está fechado

agora eu tenho que ficar agora

fui pelo abandono abandonado

aqui dentro do lado de fora

 

Arnaldo Antunes

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 Um supermercado na Califórnia – Allen Ginsberg*

Como estive pensando em você esta noite, Walt Whitmam, enquanto caminhava pelas ruas sob as árvores, com dor de cabeça, autoconsciente, olhando a lua cheia.

Em meu cansaço faminto, fazendo o shopping das imagens, entrei no supermercado das frutas de néon sonhando com tuas enumerações!

Que pêssegos e que penumbras! Famílias inteiras fazendo suas compras à noite! Corredores cheios de maridos! Esposas entre abacates, bebês nos tomates! – e você, Garcia Lorca, o que fazia lá, no meio das melancias?

E o vi, Walt Whitman, sem filhos, velho vagabundo solitário, remexendo nas carnes do refrigerador e lançando olhares para os garotos da mercearia.

Ouvi-o fazer perguntas a cada um deles: Quem matou as costeletas de porco? Qual é o preço das bananas? Será você meu Anjo?

Caminhei entre as brilhantes pilhas de latarias, seguindo-o e sendo seguido na minha imaginação pelo detetive da loja.

Perambulamos juntos pelos amplos corredores com nosso passo solitário, provando alcachofras, pegando cada um dos petiscos gelados, sem nunca passar pelo caixa.

Aonde vamos, Walt Whitman? As portas se fecharão em uma hora. Que caminhos aponta tua barba esta noite?

(Toco teu livro e sonho com nossa odisséia no supermercado e me sinto absurdo.)

Caminharemos a noite toda por solitárias ruas? As árvores somam sombras às sombras, luzes apagam-se nas casas, ficaremos ambos sós.

Vaguearemos sonhando com a América perdida do amor, passando pelos automóveis azuis nas vias expressas, voltando para nosso silencioso chalé?

Ah, pai querido, barba grisalha, velho e solitário professor de coragem, qual América era a sua quando Caronte parou de impelir sua balsa e você desceu na margem nevoenta, olhando a barca desaparecer nas negras águas do Letes*?

 Letes – rio na entrada do Hades, reino dos mortos da mitologia grega, cruzado pela barca de Caronte.

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EPITÁFIO

 

O Poeta é a mãe das Artes

& das armas em geral:

quem não inventa as maneiras

do corte no carnaval

(alô malucos), é traidor

da poesia: não vale nada, lodal

A poesia é o pai das ar-
timanhas  de sempre: quent
ura no forno quente
do lado de cá, no lar
das coisas malditíssimas;
alô poetas: poesia!
poesia poesia poesia poesia!
o poeta não se cuida ao ponto
de não se cuidar: quem for cortar meu cabelo
já sabe: não está cortando nada
além de minha bandeira\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\=
sem aura nem baúra, sem nada mais para contar
isso: ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. a
r : em primeiríssimo , o lugar. 

poetemos pois

 

Torquato Neto/8/11/71/&sempre

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EPITÁFIO  – Walt Whitman

 

Eu parto com o ar – sacudo minha neve branca ao sol que foge

Desfaço minha carne em redemoinhos de espuma,

Entrego-me ao pó para crescer nas ervas que amo;

Se queres ver-me novamente, procura-me sob teus pés.

Dificilmente saberás quem sou ou o que significo;

Não obstante serei para ti boa saúde.

E filtrarei e comporei teu sangue.

E se não conseguires encontrar-me, não desanimes;

O que não está numa parte está noutra

Em algum lugar estarei a sua espera.

 

PS – PARA MIM ISSO É QUE É MARACATÚ ATÔMICO.

Tempos e Movimentos do Amor

Publicado: 26/09/2009 em Poesia

alianças

 

Há um breve tempo. Um ano. Estive em Salvador.

Testemunhei um dos mais belos casamentos . Música. Festa. Celebração.

Dois jovens formando uma aliança. Revivi junto com outros amigos o meu. O deles.

A minha vida. Lembrei da música de Gil. Voltei feliz, com poemas por fazer.

Porque tudo era um poema verdadeiramente bom .

As famílias se atualizaram. Nos abraços. Na companhia. Nas conversas.

Meus amigos casavam sua filha e eram a certeza de que acertaram no amor que deram.

E a vida continua. Da lua-de-mel continua o presente contínuo.

Presentes. Que nada. Isso é só o adorno. Por mais bonita que seja a festa.

Os noivos é que presentearam a todos. A música meus amigos. A noiva cantando

o noivo escutando. Os dois enamorados numa serenata diferente.

Até o padre nos foi aquilo que devem ser os padres. Um pastor.

A semana passada. Ainda recordando e guardando essa lembrança,

como quem guarda um pedaço do bolo no congelador, me liga a esposa do amigo.

Minha filha está divorciada.

Pensei nela, ainda na barriga da mãe. No carrinho de bebê no calçadão de Amaralina.

Meus amigos que fizeram trinta anos. De casados.

Ainda estava lá  no batizado. No primeiro ano de vida.

Eu que estou chegando nos vinte anos. Não consegui pensar. Chamei eles prum chopp.

Não dá. São 800 km. O Neno está longe nessa hora. Escutei.

Um pai e uma mãe. Tá tudo bem. Me confortam. Vejam só.

Essa juventude é assim mesmo. Estão sempre devendo ao tempo. É uma pressa…

Pensei em Caymmi. Em Vinicius. Rápidos e rasteiros. Imortais.

Não adiantou. A vida segue em frente. Presente contínuo. Alianças partidas.

 

PS – Perdas e danos. Todo mundo assistiu o filme. Caos calmo. O quarto do filho. Filmes que retratam esse sentimento, o vazio, a falta de resposta. O engasgo. O soluço. O choro que não vem. A alegria contida. O penalti perdido nos acréscimos. As luzes que se apagam.

“Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida.”

Artur da Távola

PIETÁ DA FOME

Publicado: 24/09/2009 em Poesia

la nueva pieta4pieta

 

Quem garimpa na rede não acha só entulhos, plásticos , recicláveis.

Tanta coisa boa. Tanto poema. Rede cheia agora. Agorinha mesmo.

Belíssimo poema vindo de Minas. Pão de queijo. Pão e beleza.

 

A PIETÁ DA FOME – Lú Dias – Belo Horizonte.

Sobre a terra árida, cruel e inclemente

Dourada por raios de sol inflamantes

A natureza expõe sua obra-prima, indiferente

O material usado – esqueleto de gente.

Majestosa com suas pernas trementes

Olhos perdidos para além do horizonte

Traz junto aos seios murchos, inoperantes

Um pequeno trapo humano – agonizante.

A mãe-rainha, esquálida, distante

Traz no peito um amuleto de semente

Talvez com o intuito de chamar a sorte

Ou retardar a inimiga presente – a morte.

Mas nem tudo é mal neste inferno fumegante

Em volta dessas duas vidas titubeantes

Moscas e moscas trombam, saltitantes

Aguardando o último suspiro do infante.

A alma do menino-anjo subirá num instante

Até o trono de seu deus inclemente

Tal é a leveza do espírito cambaleante

Deixando para sempre esta terra errante.

 

PS – esta vida é uma viagem/pena eu estar/ só de passagem (Paulo Leminski).

A Greve dos Bancários

Publicado: 24/09/2009 em Poesia

greve

Não essa de hoje.

Lembro de 1985/A primeira/ Mais de uma década sem/

O B.B. suspirava/ Os funcionários mostravam força.

Vitória.

Pão e poesia/ Vida que se segue/ Porres homéricos.

Tempos novos / Grandes bancos/poucos.

Que engoliram tudo/

Braços, corações e mentes/

Loucuras e LER/DORT.

Doenças novas/ Velhos hábitos/ Ganância pura.

Os mesmos/ Sim/ Os mesmos fósseis invocando as mesmas frases.

Desgastadas/ No alto-falante do Sindicato.

Vomitei e saí/ Saudades dos velhos tempos.

Sindicato virou um bom negócio/ Lembrou os clubes de futebol.

Hoje vou trabalhar.

 

PS – Atire a primeira pedra quem não furou uma greve tendo como princípios o seu próprio princípio que é a sua consciência.

Alma

Publicado: 23/09/2009 em Poesia

cérebro

Para o amigo Arsênio

 

Onde está a sua alma?

Aonde você a leva?

Que elementos podem traduzí-la?

Como você a carrega? De que matéria é feita?

Somos mesmo imagem e semelhança de DEUS?

Nada tenho. Respostas. Saberes. Espíritos.

Nada me acompanha.

Estou só. Eu e minha alma. Minúscula mesmo.

Que os Mahatmas nascem em outro lugar.

Mas os amigos, esses estão aqui bem perto. Do coração.

E são gigantes com alma e isso é tudo que importa.

Domingos 

 

PS – Sem Budismo ( Paulo Leminski)

Poema que é bom
acaba zero a zero.
        Acaba com.
Não como eu quero.
        Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
        veneno de letra,
bolero. Ou menos.
        Tira daqui, bota dali,
um lugar, não caminho.
        Prossegue de si.
Seguro morreu de velho,
        e sozinho.

Fabricio Carpinejar e Leminski

Publicado: 21/09/2009 em Poesia

PAIZINHO 
Fabrício Carpinejar

Me diga, como é viver com um pai em casa?

Como é acordar com sua voz bebendo café, ouvir seu bom-dia atrasado ao serviço? Como é ter um pai entrando no quarto secretamente, para ver se finalmente dormi? Um pai que confere a extensão das cobertas e se as janelas estão fechadas? Um pai que coloca remédio de mosquito e esfrega a manga morna do pijama em minha testa? Como é ter um pai que me acompanha na consulta ao médico? Um pai que assina o boletim? Como é ter um pai perseguindo baratas pela tranqüilidade doméstica? Como é brincar com um pai: aprender a dobradura de papel de chapéu e barcos? Como é ter um pai para perguntar que horas ele voltou do trabalho? Como é empurrar um pai pelos barulhos estranhos no pátio? Como é ter um pai angustiado com a demora materna, e que me dá banho, me oferece janta e esconde sua preocupação? Como é ter um pai para segurar as lâmpadas enquanto ele sobe na escada? Como é ter um pai para se escorar enquanto ensaio a primeira seqüência de passos? Como é andar de bicicleta com um pai? Observar atrás se ele me segue? Como é escutar o ronco terrível do pai e se sentir protegido? Como é ter um pai para reclamar docilmente da mãe, dizer que ela não me entende? Como é ter um pai que não me entende? Como é ter um pai para freqüentar a casa dos avós no final de semana? Como é ter um pai para xingar e logo após reaver a gentileza do abraço? Um pai que estará no seu escritório, num lugar certo, a facilitar minha desculpa? Como é ter um pai para responder com confiança aos seus conhecidos como está meu pai? Um pai para me levar aos jogos de futebol e ocupar o trajeto de volta comentando o resultado? Como é ter um pai para receber presentes de aniversário, e me ajudar a retirar o papel bonito sem estragar? Como é ter um pai para sanar as dúvidas das aulas, as operações difíceis, as curiosidades sobre planetas, estrelas e bichos? Como é ter um pai mais rápido do que o dicionário e que conta o que significa tal palavra? Como é ter um pai com passado? Como é ter um pai chateado, endividado, alinhando contas do que não podemos mais gastar? Como é ter um pai com emprego novo, que não pára de falar das novidades no almoço? Como é ter um pai para pedir o carro emprestado? Um pai para inventar uma mentira e dormir fora de casa? Como é ter um pai aguardando na saída da escola? Como é ter um pai preocupado, confessando que perdeu o sono quando na verdade o esperava na madrugada? Como é ter um pai para me convencer que as dores passam, que amanhã estarei bom, que eu tive coragem? Como é ter um pai a me orientar – de um modo patético – sobre transar com segurança? Como é ter um pai beijando a mãe, sussurando qualquer coisa que a faça rir, e eu me escondendo para que não me vejam? Como é ter um pai para sair ao cinema, e escorrer pipocas pelas suas mãos? Como é ter um pai para sentir saudade devagarinho, de um dia para outro ou por algumas horas? Como é ter um pai para xingar os chinelos no corredor e os tropeços na noite e na vida? Como é ter um pai preocupado em fotografar a família nas férias? Como é ter um pai festejando uma promoção com jantar no restaurante predileto e só entender sua alegria? Como é ter um pai histérico, procurando seus óculos, seus livros e cartões extraviados? Como é ter um pai alegando que estava nervoso depois de uma grosseria e compreender que é o máximo que ele se aproximará de um perdão? Como é suportar um pai cantando desafinado suas músicas antigas? Como é ter um pai a me socorrer e convencer a mãe a gostar de minha namorada? Como é sentar no sofá com um pai e assistir um filme reprisado e comentar: “esse eu já vi”: e continuar assistindo a amizade de sentar ao lado dele? Como é ter um pai para ser parecido com ele? Como é ter um pai vibrando com minha aprovação no vestibular, pregando faixas na frente da residência? Como é ter um pai para procurá-lo nas centenas de poltronas da formatura? Como é ter um pai que explica que “as coisas eram diferentes no seu tempo”? Como é ter um pai que não descobriu que envelheceu porque empresto meus olhos da infância? Como é ser espetado no rosto pela barba do pai? Faz coceira, arranha? Sempre quis saber…

Me digam, meus filhos, como é ter um pai em casa?

 

O Hóspede Despercebido (Paulo Leminski)

Deixei alguém nesta sala
que muito se distinguia
         de alguém que ninguém se chamava,
quando eu desaparecia.
         Comigo se assemelhava,
mas só na superfície.
         Bem lá no fundo, eu, palavra,
não passava de um pastiche.
         Uns restos, uns traços, um dia,
meus tios, minhas mães e meus pais
         me chamarem de volta pra dentro,
eu ainda não volte jamais.
         Mas ali, logo ali, nesse espaço,
lá se vai, exemplo de mim,
         algo, alguém, mil pedaços,
meio início, meio a meio, sem fim.

PS – Foi gigante o post. Em homenagem aos meus amigos gigantes. Ao meu pai , gigante que estaria com 91 balas. Ao meu sogro com 81 novo em folha. A este blog que está se criando e virando gente. Decente. Graças aos amigos. Gracias a la vida… Abraços e uma semana gigantesca para todos. Nas virtudes e benesses da vida.

Joaquim Cardozo

Publicado: 20/09/2009 em Poesia

domingoO Engenheiro dos cálculos impossíveis.

O que seria de Brasília? E de nós sem a sua poesia?

 

ANJOS DA PAZ ( fragmentos)

(…)
Aqui no centro isolado
Deste casulo de cinza
Guardo o sopro que me resta,
Ouvindo os surdos gemidos,
As vozes desesperadas,
As palavras proferidas
Pelas bocas soterradas,
Pelos lábios das feridas,
Como a chuva sobre o sono
Dessa eterna madrugada.
Mas a dor de mim reflui
Dor que exprimo e em que me exalto
Sentindo bater nas lajes,
Como em tambores de asfalto,
A marca da multidão;
Sentindo as ondas de ferro,
Sentindo as ondas de assalto
Que vêm dos carros de guerra
Até às grades de pedra
Que encerram meu coração.
(…)

PS – Também dramaturgo e crítico de artes.

Imaginar o tamanho da WEB. Sua grandeza. Sua importância.

Bilhões de páginas. Milhões de sites.

Paraíso de todo tipo de gente.

Paraíso da gente.

Todos tem seu lugar.

Mas tem o lado podre. O mundinho perigoso dos pedófilos.

As trancas que os hackers vivem arrombando.

Os anônimos.

Essa categoria  é asquerosa. Das piores a pior.

Simplesmente.

A Justiça não lhe põe as garras. Algemas.

Não lhes trancafiam numa cela.

O anônimo se esconde. Sombras lhe alimentam.

Ele é frouxo. Covarde. Sacana. Desonesto.

Se lhe dou uma surra ele quer outra.

Gosta de apanhar.

Não se emenda. Não se enxerga.

Vive tentando jogar sujeira nos muros brancos dos cidadãos.

Os blogs tentam conter esses cupins.

Um cupinzeiro tem uma população miserenta.

Mas a gente vai no embate. Vai prá porrada se preciso for.

Assim como todo criminoso, os anônimos que se escondem atrás de codinomes merecem

a comparação TITÂNICA:

Peste bubônica
Câncer, pneumonia
Raiva, rubéola
Tuberculose e anemia
Rancor, cisticircose
Caxumba, difteria
Encefalite, faringite
Gripe e leucemia…

Hepatite, escarlatina
Estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo
Esquizofrenia
Úlcera, trombose
Coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes
Asma, cleptomania…

Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifóide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Câimba, lepra, afasia

Codinôme. Anônimo. Você ainda consegue ser pior.

Os invisíveis

Publicado: 20/09/2009 em Poesia

Outro dia li um artigo interessante.

Um alto executivo resolvera fazer um teste em sua empresa.

Vestiu uniforme de zelador.

Passou um tempo considerável sem ninguém lhe dar um mísero bom dia.

Percebeu que ele também fazia parte dos que olham mas não enxergam.

Resolveu, pelo menos em parte um dos enigmas da nossa humanidade moderna.

Sim porque humanidade tem trilhões de lados. Até o lado nosso de cada dia.

Mas falo dos invisíveis que sofrem sem parar: Os deficientes.

Politicamente correto é falar em acessibilidade.

Por isso Recife sai na frente.

Com suas calçadas. Parecem um conto de fadas.

Suas escadas.

Os funcionários dos supermercados. Dos Shoppings.

Claro existem as exceções. Que nos ensinam também. Mesmo nós, que nos dizemos

massa crítica. Eu Brutus. Laranja ácida.

Fiquei invisível através do olhar da minha esposa.

Que está deficiente.

Que usa muletas e também quando preciso cadeira de rodas.

Eu com tendinite empurrando a cadeira dela.

Tenho olhado a nossa cidade, espelho de muitas outras ,com uma lupa.

Emprestada do coração de todos os amigos do blog de domínio público:

O Blog do Roberto.

Lá todos estão distantes e são visíveis. E é real.

Na cidade a pressa das pessoas tem me causado um desconforto saudável.

A certeza de que mudando nosso mundinho ele vira um mundão.

Como meu amigo. Que teve de ralar umas horas extras para pagar o bojão de gás.

E ele era tricolor.

E entrou nessa história de gaiato.

E é meu amigo até hoje.

Como faremos para enxergar melhor?

 

PS – Drummond respondeu através do amigo Arsênio: ” Eu preparo um canção/em que minha mãe se reconheça/todas as mães se reconheçam/ e que fale como dois olhos…

PS –

A seca da lei

Publicado: 17/09/2009 em Poesia

lei seca

Um colega de banco veio reclamar comigo.

Amigão e boêmio.

Estou abstêmio. Recluso. Quase não saio…

Cadê você Domingão? Burburinho, Neno, Nô, Caldinho da Codorna,Entre amigos…

Recanto dos pinguços. Das grandes /pequenas questões sobre futebol.

Das rivalidades bebidas com respeito. Sempre. Que a turma é decente.

De alguns poemas declamados depois do nível alcóolico ter ultrapassado a curva.

Fiquei pensativo.

Que resposta teria sentido? Engoli água salgada da marola?

Não.A experiência é o combustível que estou experimentando ultimamente.

Vem com a idade e não está fácil conseguir no mercado.

Experiência muda o olhar da gente. O resto dos sentidos.

Experiência faz a gente encarar a finitude. Pensar menos, mas com qualidade.

Mais energia e menos cansaço. Mesmo caindo na areia.

Já levantei. Amigos estão sempre atentos.. Isso é a grande sobriedade da vida.

Não que o discurso seja de cara limpa e vamos em frente.

O universo está sempre nos convidando. A festa está sempre rolando.

Todo dia é internacional. Para a cachaça. Santa de todos os santos.

Mas me desculpei pela Lei. A tal que faz uso de aparelhos, multas e algemas.

Mas você foi ao Neno! Diferente meu nobre. Diferente.

Ali alguns senhores e outros mais jovens estavam em oração.

A diferença é que o chopp acompanhava distraído as ladainhas e os mantras.

E a gente nem percebeu que o tempo sorveu tudo.

Não vale. Precisamos de outras noites. E dias bonitos.

Meu amigo vai embora desconsolado. Domingão tá estranho.

 É o blog.

Pode ser. São os blogs.

Agora a cachaça é outra. E nunca bebi tanta poesia como hoje em dia.

 

PS – A mulher abraça/a garrafa de cachaça
miserável casaco.
Jorge Lescano

Felicidade presente

Publicado: 17/09/2009 em Poesia

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Quem tirou essa foto voltou no outro dia.

Tudo diferente.

Simplesmente outra paisagem.

A natureza não gosta de repetições.

Ela é o novo. Tão simples que quase sempre a gente se encontra  repetindo a música.

De toda as maneiras.

Com todos os vícios. E muitas vezes a gente não repara. Como é  simples. Viver.

As pequenas coisas. Que fazem a diferença.

E vão construindo a felicidade. Que nada mais nada é que o presente atômico.

Presente que engana. Imprensado com tantas preocupações e lembranças.

Me descobri assim. Vivendo essas emoções pequenas. Mas muito importantes.

Até chorei. Coisa que tava precisando.

A marola foi grande. Fomos bater na praia.

E continuamos mais unidos, mais fortes.

Eita vida sertaneja essa que não para de fustigos, chicotes e dias de sol.

Sim a natureza não insiste na dor. Nem na alegria.

Ela nos deixa como donos do ofício. De um santo ofício. De construirmos a nossa felicidade.

Sem deixar nada por fazer. Mas fazendo. Como num poema. O que importa é ser.

Poeta .

E no outro dia encontrar-se para outros presentes.

 

PS – INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA
A vida é um incêndio: nela/dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas/se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam/cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida/na própria luz consumida…

Mário Quintana

Collegiatu

Publicado: 15/09/2009 em Poesia

justiça

[Do lat. collegiatu.]

Adjetivo.
1. Reunido ou organizado em colégio (1 e 2).
2. Que goza o privilégio de ter um cabido próprio. [Diz-se de igreja que não é catedral.] ~ V. governo —.
Substantivo masculino.
3. Órgão dirigente cujos membros têm poderes idênticos.

© O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa

 

Pensei nas lições que a vida nos ensina. Nas Norminhas da vida.

Que continuam colocando leite na vida dos maridos.

Na traição. Que ronda por toda a parte.

Basta olhar.

E vermos como a vida nos é generosa.

Pelos amigos que temos.

Pela família nossa de cada dia.

Esposas.

Filhos.

Bens materiais? Não entram na lista.

Porque o dinheiro compra.

Estou falando de bens intangíveis. Porque de grana faz somente que conto e desconto e reconto durante 27 anos, a grana dos clientes. E os melhores amigos que fiz neste ofício não foi a grana que nos juntou. Foi o caráter.

Poderia dizer então porque o título Colegiado em latim?

Porque só em latim eu entenderia o Colegiado do Clube Náutico Capibaribe.

As pessoas boas que por lá existem. E não estão sendo ouvidas. Nem tem voz.

Os mesmos continuam a farsa.

A mesma história.

As mesmas Norminhas. Colocando leite na torcida. Ganhando tempo.

Sem contratar ninguém. Vendendo artilheiro a preço de Kuki.

Kuki que com todo respeito entrou e saiu daqui desse post sem jogar. Nem no banco ficou.

E pensando porque gostamos tanto do vermelho e branco. Do hino. Dos hinos. Da Bandeira.

Porque tanto apego a um clube. Tanto orgulho. Tantas defesas apaixonadas.

Tanta luta. Tanto esforço. Desgaste.

Não, não se explica nada disso. Futebol é paixão. É ilusão. É a pior das drogas. Pior do que o crack. Lembro de um vizinho tricolor que no desespero vendeu o bojão de gás da família para ir ao Arruda que era um mundinho. Mas era o mundão dele.

Penso em tanta gente sendo enganada. Sacaneada.

Penso na cara de pau dos dirigentes. Mentindo desde sempre. Chegando no clube de fusquinha. Saindo sorrindo.

E voltando. Porque é um bom negócio. Sempre foi.

Vendem o clube como banana podre. Mas o negócio é bom demais.

Para meia dúzia. Que se fizeram muito foi colocar a cerca do MST nele. E mais nada.

Nós fazemos todo o resto. A parte ética. Nós construímos. Eles consomem . A nossa parte.

O bolo todo.

Tudo isso para definir colegiado. E o Aurélio tão simples, tão econômico escreveu melhor do que eu.

Mas tinha que sair. A fórceps. Mas tinha que sair.

Aqui neste blog eu só voltarei a falar do Clube Náutico Capibaribe.

Quando houver alguém dirigindo o clube. Que tenha .

Vergonha na cara.

E possa vir explicar com transparência tudo que há por lá.

Esse dia há de chegar.

Por ora. Silêncio. Dos inocentes? Não.

Dos torcedores. Meu bolso tá doendo.

Minha alma expirou o prazo.

Tudo tem limite nesta vida. Tudo mesmo.

 

PS – Menos para as Norminhas. 

 

timbu

Freguês. Freguesia. Que escrevi com z no blog do amigo Roberto.

Comerei meu feixe de capim. Porque todo castigo para freguês é pouco.

Crise de identidade? Não o timbú é assim mesmo.

Quanto mais apanha mais eu gosto dele. Me ensina um amigo meu. Que é doido.

Gilmar foi embora. E com ele nosso sonho de permanecermos na Série A.

O dinheiro. O trocado. A bufunfa. Vai escorrer nos ralos de Rosa e Silva.

Quem virá por aí?

Márcio Barros , Kuki e Acosta são apenas números, contraturas.

Eles e mais uns dez. Que gostam muito de cerveja. Mais de treino e jogo nem pensar. 

Uma folha inteira de prejuízos para o clube. Pagos pelo torcedor para não jogar.

E jogar nosso dinheiro pela janela.

Não voltamos a zona por sorte.

Porque pela nossa incompetência deveríamos hoje estar na lanterna.

Lanterna dos afogados onde nos esperam os irmãos rubro-negros.

Fogos iguais aos do Maracanã escutei hoje aqui nos Aflitos.

Eu sangro e tú sangras. É o mote. Vamos cair juntos.

A diferença é que eles conseguiram o dobro de cota do clube dos 13.

O sofrimento é igual. A vergonha é que é diferente.

Porque perder para um time decente é uma coisa.

Perder para um time que não havia ganho uma partida fora de casa e com menos um

É FREGUESIA COM Z MESMO.

UM FEIXE DE CAPIM PARA O TIME INTEIRO.

COMEÇANDO POR GENINHO.

 

A Nasa encontrou Paulo Leminski

Publicado: 13/09/2009 em Poesia

tudo dito,
nada feito,
fito e deito

Paulo Leminski

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PS – Ninguém mais ninguém menos. Paulo Leminski nos envia esse Haikai através do telescópio Hubble. Haikai escrito nos anos 80, 70 não sei. Mas apontava para essa maravilhosa imagem. Que só ele o poeta do amanhã. Indecifrável até hoje. Garantia de que poetas são eternos. Só ele pode sorrir pela lente do futuro. E dizer de novo: vida e morte/amor e dúvida/ dor e sorte/quem for louco/que volte.