Nos idos de 80/90 a nossa seleção de voleibol não tinha títulos, nem camisa, nem mística. Não ganhava quase nada. Ou se ganhava era por aqui mesmo. Na latino-america. Exceção ao ano de 1984. Milagre praticado por uma geração excepcional. Que ultrapassou os seus limites. Quem não lembra? Renan, Xandó, Bernard e cia ltda? Jornada nas estrelas?
Os EUA de Barack eram o país do voley. Além do basquete, do golfe, do tênis, da natação, do atletismo, do futebol americano, do rugby, do beisebol. O país do esportes. Tem mágica? Tem não.
Investimento nos jovens. Leiam a entrevista de Joaquim Cruz, que mora nos EUA desde 1984, casado com uma americana. Embora esteja na Veja, a entrevista é histórica. Lá , Joaquim Cruz ensina o básico. A cartilha de como se investir em esportes.
Foi o que o Banco aí da Camisa Canarinho resolveu fazer. Banco que aliás conheço um cadinho , resolveu entrar no circuito. Ou na Arena.
E com um dirigente chamado Carlos Arthur Nuzmann. Amado/odiado. Nunca ignorado. Para mim um grande dirigente. Para outros um picareta. Existiram outros, Bebeto de Freitas. Mas Nuzmann é Nuzmann.
Não importa.
A partir da chegada do Banco aí da foto, a nossa seleção de volley começou a sua jornada rumo ao infinito.
A seleção com o maior número de títulos mundiais da história do volley.
Superando a Itália.
Superando a descrença.
Desacreditando essa história de que camisa pesa.
Pesa nada.
O que vale é a grana. Bons salários. Treinos com tudo que há de mais moderno.
Jogadores tranquilos quanto ao seu futuro e o futuro da suas famílias.
E o futebol?
Bem diferente é verdade.
A lógica de qualquer outro esporte não se aplica ao futebol.
Enquanto a seleção de Bernardinho ganha 8 de 10 partidas, no futebol a nossa melhor seleção ( a de 1982 , na minha singela e burra opinião ) não passou pela Itália, num dia abortivo onde Cerezzo entregou a pizza, a cereja, o bolo, o kct a quatro e voltamos prá casa tocando samba quadrado.
Mas e aqui em Pernambuco. A terra de Ariano rubro negro Suassuna?
A terra do Capiba tricolor Lourenço bancário?
A terra do flu e alvirrubro Nelson sobrenatural Rodrigues?
O que tem feito o peso das camisas?
As camisas?
Os símbolos?
A numerologia?
O que diria Carlos Penna Filho? Ascenso Ferreira? Manoel Bandeira?
Quais os seus times? Errei algum aí por riba?
Errei o time do grande brasileiro e governador Barbosa Lima Sobrinho? O Timba?
Quem tem mais garra, quem é mais frouxo?
Qual a torcida que empurra mais o seu time?
Quem ama mais um clube?
Que mística afinal é essa?
Que macumba mais doida provoca um pulo de um torcedor em direção à morte?
Amizades desfeitas? Por causa de um time?
Que mística é essa?
Para mim, o símbolo nos ombros e na frente da camisa representa o cifrão – $$$$$ – , a bufunfa, o papé bordado, o arame.
Esse é o motor da mística.
Salários em dia.
Salas de recuperação e um CT à altura de um São Paulo, um Santos.
Médicos, fisiologistas, preparadores físicos, massagistas, ortopedistas, dentistas. Um timaço. Bem pago.
Salários em dia. O carimbo para as conquistas.
Transparência: o caminho para o retorno dos grandes patrocinadores.
Foi assim com o Volley.
Com um ele ou dois.
Pode ser assim em Pernambuco para o Náutico e o Santa Cruz.
Faltam os Nuzmann para as bandas dos Aflitos e do Arruda.
Hegemonia prá mim é isso.
Mística é outra coisa.
E mesmo morando em Salvador eu nunca bati um bombo, nunca comprei nem vendi animais e muito menos os sacrifiquei.
E não acredito em bruxas.
Mas que elas existem, existem…